Com Kaká e novos times, MLS mira se firmar nas grandes ligas
Público crescente e chegada do primeiro ex-melhor do mundo da Fifa indicam liga cada vez mais forte e organizada
De cara nova, ou melhor, logo novo, a Major League Soccer (MLS) recomeçará nesta sexta-feira e fim de semana mais estrelada do que nunca, em busca da atenção dos americanos aficcionados por esportes. Com popularidade crescente no país, especialmente após a mobilização da Copa do Mundo de 2014, a principal liga de futebol terá sua temporada mais inchada até o momento, com novos clubes - 20 no total - e atletas de nome.
A MLS finalmente terá um atrativo para os brasileiros, público que nunca teve motivos para se preocupar com a competição. Contratado em 2014 por um dos clubes novatos, o Orlando City, Kaká passou meio ano no São Paulo enquanto seu time americano não disputava nada oficial.
O momento tão esperado pelo meio-campista brasileiro e seus fãs é o próximo domingo, dia em que o Orlando City debuta na MLS. O adversário será outro calouro da competição, o New York City FC, afiliado ao Manchester City e nova casa do atacante David Villa, maior artilheiro da história da seleção da Espanha.
O duelo entre as duas equipes contará com um público de 60 mil torcedores no Citrus Bowl e começará às 19h (de Brasília).
Greve?
O início da temporada ficou perto de ser adiado, no entanto. O sindicato dos jogadores de futebol pleiteou um novo acordo de trabalho com a liga que foi assinado na quarta-feira, dois dias antes do jogo entre Los Angeles Galaxy e Chicago Fire (vencido pelos californianos na sexta por 2 a 0).
Esta foi a primeira vez nos 20 anos de história da MLS que uma discussão desse tipo foi levantada, mas as duas partes conseguiram entrar em consenso antes que as desavenças resultassem em uma greve dos atletas. Situações como essa ocorreram recentemente na NBA e na NHL, o que resultou em temporadas encurtadas e insatisfação de torcedores, em especial os donos de carnês.
O acerto entre a liga e seus atletas, que exigiam que fosse instituído o status de "agentes livres" (free agents) entre os veteranos, foi considerado uma vitória para os jogadores, embora apenas os que tiverem mais de 28 anos e oito anos de experiência na MLS estarão qualificados para a nova regra.
O teto salarial permitido pelas franquias subiu, o que permitirá melhores contratações e dará mais flexibilidade aos 20 clubes da competição. O que também cresceu foi o salário mínimo, reajustado de US$ 36,5 mil para US$ 60 mil.
Velhas estrelas
Esse piso salarial está distante do que receberão os craques da liga, casos de Kaká e David Villa. O brasileiro é o primeiro jogador eleito melhor do mundo pela Fifa a participar da competição, mas terá em breve a companhia de outros atletas vitoriosos.
Frank Lampard e Steven Gerrard, por anos companheiros de seleção da Inglaterra e rivais no Campeonato Inglês, reforçarão New York City FC e Los Angeles Galaxy, respectivamente. A questão é quando eles se juntarão aos clubes, pois ambos ainda disputam o torneio nacional inglês.
Gerrard tem saída certa do Liverpool no meio do ano, quando termina a temporada europeia, mas Lampard já deveria estar integrado ao elenco nova-iorquino desde janeiro. No entanto, o meio-campista permaneceu por mais um semestre no Manchester City, decisão que revoltou os torcedores que compraram os season tickets, os passes de temporada, do seu time.
A dupla inglesa reforça a tradição de veteranos britânicos deixarem a Europa para encerrarem a carreira do outro lado do Atlântico. Foi o caso de David Beckham, primeiro astro do futebol jogar a liga, e é a situação atual de Robbie Keane. O atacante irlandês, 34 anos, foi eleito o jogador mais valioso (MVP) da última edição da MLS, na qual marcou 19 gols e deu mais 13 assistências.
Orgulho nacional
Jogadores americanos com alguma rodagem no futebol europeu também resolveram voltar para a MLS nos últimos anos, embora alguns ainda tivessem espaço no Velho Continente. São os casos de Jozy Altidore, 25 anos - que não fez sucesso na Europa - e Michael Bradley, 27 anos, companheiros de time no Toronto FC.
Membros da seleção americana, eles voltaram para o país com a experiência europeia e a fama de terem defendido os EUA na Copa do Mundo. A presença deles na liga chama a atenção do público local, mas o ídolo nacional é um jogador que teve momentos de destaque na Europa e capitaneou os Estados Unidos no Mundial.
Clint Dempsey é o astro do Seattle Sounders, time que compartilha com o Seattle Seahawks, da NFL, o Estádio CenturyLink Field, um dos mais barulhentos do país. Ao lado do saudoso Oba Oba Martins, ex-Inter de Milão, ele faz parte de um dos ataques mais fortes da competição.
Também jogam na MLS Kyle Beckerman, Jermaine Jones e jovens promissores como Gyasi Zardes, uma das apostas do técnico Jurgen Klinsmann para o futuro da seleção dos EUA.
20 mil por jogo?
Desde que foi fundada, a MLS tem tido uma média de público crescente por temporada. Nos últimos três anos a liga esteve sempre acima dos 18 mil torcedores por partida, atingindo o recorde de 19.151 em 2014.
Com a extinção do Chivas USA, clube disparado com a pior média (7 mil), os números tendem a crescer, principalmente se o New York City FC cativar outra parcela da torcida de NY que não gosta do NY Red Bulls e se a população de Orlando comparecer aos jogos do time de Kaká, o único do Estado da Flórida.
Ao contrário do decrépito Campeonato Brasileiro, a MLS tem se preocupado com sua imagem e angariado cada vez mais fãs. Tendo deixado para trás a primeira divisão do "País do futebol" no quesito público, a liga tenta agora se aproximar da popularidade dos outros esportes americanos, que ainda levam uma vantagem significativa nos números absolutos de público.