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MLS

E não é que é legal ver o soccer nos EUA? Com cerveja!

Reportagem do Terra mostra em texto, vídeo e fotos como os torcedores americanos estão lidando com a nova febre do soccer

12 mai 2015 - 12h06
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Não se ouve fogos de artifício nos arredores, só dentro do estádio mesmo, onde o show acontece. Os vendedores ambulantes não te abordam no desespero. A figura do flanelinha, aquele que vive extorquindo o torcedor, é inexistente. As opções de entretenimento fora da arena antes da partida começar são inúmeras. E talvez a melhor parte, a cereja do bolo: você pode beber uma cerveja assistindo o futebol ao vivo. Bem no estilo americano da “breja-litrão” gigante.

Estas são apenas algumas das diferenças básicas da experiência de se ver um jogo de soccer nos Estados Unidos, numa rápida comparação com o futebol brasileiro, desde suas novas arenas de Copa do Mundo as do passado, mais no estilo "old school". O Terra esteve em Orlando, no Estado da Flórida, no início do mês, para acompanhar o amistoso entre Orlando City e Ponte Preta.

Terra vive a experiência de um jogo de futebol nos EUA:

Para quem não está inteirado no assunto, Orlando City é a franquia recentemente adquirida pelo milionário brasileiro Flávio Augusto da Silva, o fundador da rede de escolas de inglês Wise Up, que trouxe como maior estrela de sua equipe o compatriota Kaká. Contratação de peso – a exemplo do que os Los Angeles Galaxy fez com o inglês Beckham, e o New York Red Bulls com o francês Thierry Henry - ambos já aposentados. Ou seja, hoje Kaká é a maior estrela da Major League Soccer, dos EUA.

Como a ideia da reportagem não é avaliar o desempenho dos jogadores em campo, afinal, se o futebol americano se mostra forte economicamente, dentro de campo ainda existe um gap a ser superado, fica claro que MLS segue um planejamento claro para daqui uma década, quem sabe, ter os mesmos números de faturamento e audiência de uma NFL ou mesmo NBA. Por que não?

“Acredito que ainda estamos cerca de 10 a 15 anos longe de uma NFL ou NBA”, opinou Brad Maxwell, torcedor do Orlando City, com sua camisa 10 do Kaká. “Ele é o nosso herói”. Martin Kuravawa explica que “as comunidades adotaram o futebol e todos sempre perguntam se nós vamos para o jogo”. Era a sua primeira vez na vida dentro de um estádio de futebol, assim como sua mulher, Christine.

“As crianças são loucas por futebol. Na nossa época não tinha o soccer nos colégios, era apenas futebol americano. Hoje as crianças já tem acesso e gostam e entendem muito bem o esporte”, disse, apontando para a filha Ellen, que não para de correr de uma lado para o outro pedindo para “entrar logo no jogo”.

Área externa ao estádio é bem utilizada
Área externa ao estádio é bem utilizada
Foto: André Naddeo / Terra

Permanecer nos arredores do estádio, aliás, seja talvez a primeira grande lição que a MLS e os clubes de futebol dos EUA, dão para o futebol brasileiro. E aqui nem vamos falar de organização de calendário, dentro outras coisas, e sim de entretenimento. Puro entretenimento. E neste quesito, é bom dar o braço a torcer, ninguém tem tanto know-how como os americanos.

Uma caminhada pelo Citrus Bowl, a arena erguida para a Copa do Mundo de 1994 e que é a casa temporária do Orlando City enquanto um novo estádio que sendo erguido não fica pronto, já dá a noção exata de como um evento nos EUA é sempre pensado nos mínimos detalhes. E o mais importante: como isso cai bem e serve de modelo para o negócio futebol.

PlayStation distrai crianças antes da partida
PlayStation distrai crianças antes da partida
Foto: André Naddeo / Terra

Não estamos falando apenas de barracas com produtos oficiais, ou mesmo de food trucks da vida, porque isso não é novidade, muito embora os ianques explorem isso bem com uma zona de recreação própria onde se come e bebe à vontade. A questão principal é proporcionar um ambiente de segurança para as crianças – que tem inúmeras opções de lazer antes do grande jogo.

Exemplo: em que estádio brasileiro você encontraria um ônibus personalizado do seu time estacionado, com uma TV de, sei lá, umas 60 polegadas acoplada com um PlayStation para a garotada jogar, ali mesmo, ao vivo e a cores? Que outro lugar uma quadra seria improvisada, com as devidas proteções, para distrair os pequenos enquanto os pais fazem o próprio churrasco e se refrescam com uma cerveja gelada ?

Isso sem falar que os caras colocam um DJ na calçada para animar o público, tem brincadeiras com animadores de público, um sofá imenso inflável e personalizado com a logo do clube para você sentar, tirar a sua foto, e postar nas redes sociais prontamente. Resumindo: aos poucos, e bem ao seu estilo, os americanos vão gostando muito do tal soccer.

Torcida do jovem Orlando City tem a melhor média de público da atual temporada da Major League Soccer
Torcida do jovem Orlando City tem a melhor média de público da atual temporada da Major League Soccer
Foto: André Naddeo / Terra

Dentro do estádio, de fazer inveja ao puritanismo brasileiro de não se vender cerveja, se compra um litrão por cerca de R$ 30. Caro para a gente, para eles, é um preço ok pela situação e pelo tamanho – lembrando que tudo é “super size” nos EUA. “Aqui é tudo certo, existe horário para tudo, e ninguém perde a cabeça, as pessoas torcem juntas, sem violência. Por isso não tem problema nenhuma vender cerveja”, disse o brasileiro Luís Silva, residindo há cerca de seis meses em Orlando.

Para quem ainda tinha dúvida da fissura cada vez mais crescente dos americanos pelo nosso esporte bretão, vale assistir o vídeo desta reportagem até o final. Os torcedores do Orlando City nunca tinham visto o time ganhar em casa nesta nova fase dentro da MLS (as duas vitórias foram fora de casa). Em suma, é um exercício de ambientação, que mostra os gritos de guerra de uma torcida devidamente organizada, e que comemorou como um título ganho o gol da vitória por 3 a 2 contra a Ponte Preta. E era um jogo amistoso apenas. 

Fonte: Terra
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