Gracias, Tévez! Como o argentino uniu pai e filha corintianos e fez o Boca Juniors ganhar uma torcedora
Cristina Kojo aumentou sua paíxão pelo Timão graças aos gols do artilheiro argentino. Neste sábado, ela engrossa o coro pelo título do Boca diante do River na Libertadores
Cristina Kojo é fanática pelo Corinthians. Herdou a paixão de seu pai, seu herói, Antonio Afonso, que faleceu ano passado após árdua luta contra o câncer. Seu maior ídolo saiu de campo, mas outro ainda joga e disputará a final da Copa Libertadores neste sábado. E foi responsável por ela descobrir e desenvolver uma nova paixão: o Boca Juniors. O 'culpado' por isso é Carlitos Tévez.
- A passagem de Tévez no Corinthians marcou a minha história com o meu pai. Quando eu era criança, tudo o que ele dizia era lei, meu pai era meu ídolo, onde ele estava eu queria estar, se o Corinthians jogava eu ia também. Dia de jogo não se podia falar, ele discutia com a televisão, a escalação tinha que ser do jeito dele e o Carlitos deveria estar em campo. Ele era mecânico, na oficina tinha imagens do Tévez e do título de 2005, infelizmente quando ele faleceu vendemos a casa, mas era um museu corintiano -- conta.
Cris se tornou corintiana por Carlitos Tévez, e hoje, mais uma vez motivada pelo jogador, torce para que o Boca Juniors vença o Superclássico neste sábado, contra o River Plate, às 18h (de Brasília), no Monumental, e conquiste pela sétima vez a Libertadores. Tudo começou em 2005, ano em que os alvinegros conquistavam o Brasil, passado memorável e inesquecível para a paulistana de 30 anos.
- Meus pais estavam separados e meu pai morava sozinho. Fui levar algumas compras para ele e o jogo contra o Santos estava por começar. Devido a separação, havíamos nos distanciado e nossa relação não era mais a mesma. Esse jogo nos reaproximou. Naquele dia, o Corinthians fez 7 a 1 no Santos, o Tévez se destacou e marcou três gols. Foi emblemático. Nunca vi nada igual. Quero que ele viva o mesmo contra o River e possa marcar a vida de outros torcedores também - assegurou.
O câncer no fígado atacou Antonio silenciosamente. Cris e toda família receberam a notícia em janeiro do ano passado, após uma hemorragia interna, quando a doença já havia atingido quadro terminal. Os médicos cravaram mais dois meses de vida, e forte como todo corintiano, Nico, assim apelidado, aguentou dois meses a mais. Suas cinzas foram jogadas por Cristina no setor norte da Arena Itaquera, assim como ele desejava.
- Ele morreu dia 23 de maio, não sabia que tinha câncer e que morreria em quatro meses, não tive coragem de contar, tive fé e alimentei nele que ele voltaria pra casa. Conseguimos assistir um último jogo juntos, a vitória por 2 a 0 diante do São Paulo. Foi aí que fiz a promessa de seguir seu legado. Entrei em depressão e fiquei de cama por semanas, mas eu deveria ter forças e dar continuidade à essa paixão. Voltei a acompanhar todos os jogos, o Corinthians foi campeão meses depois e chorei igual criança, eu sabia que ele estava ali junto comigo - contou.
Corinthians e Boca: paixões de Cris (Crédito: Arquivo Pessoal)
Cris também se emociona ao pedir a volta de Tévez, afinal, ele é a lembrança mais forte da relação entre pai e filha.
- Gostaria que ele voltasse. Acompanhei todas as suas passagens pelo Boca e tenho até uma camisa. Carlitos representa o que somos, é o jogador do povo, assim como faz no Boca. Tem o estilo de um corintiano maloqueiro e sofredor, é a fiel dentro de campo, talvez pelo fato de vir de uma família pobre e sei que acontece o mesmo na Argentina. Que ele possa vencer essa final pelos xeneizes e voltar para finalizar sua carreira no bando de loucos. Mas antes, tenho o sonho de vê-lo jogar na Bombonera -- concluiu.
Seu estilo argentino raçudo e grande habilidade fizeram de Carlos Tévez o responsável direto pelo título do Corinthians em 2005, quando foi eleito o craque do Campeonato Brasileiro e artilheiro alvinegro, com 20 gols marcados. O jogador disputará no próximo sábado a grande final da Copa Libertadores diante do River Plante.