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Campeonato Inglês

Salvo por vaquinha, clube inglês garante vaga na elite

28 abr 2015 - 13h59
(atualizado às 14h31)
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Mesmo no mundo do cinema, a aventura do AFC Bournemouth soaria boa demais para ser real: seis anos depois de ser declarado falido e só evitar o fechamento por causa de um esforço da base de torcedores, o clube de futebol do pequeno balneário do sul da Inglaterra garantiu na noite de segunda-feira presença na temporada de 2015/16 da Premier League.

Jovem Eddie Howe liderou o Bournemouth à primeira divisão da Inglaterra
Jovem Eddie Howe liderou o Bournemouth à primeira divisão da Inglaterra
Foto: BBC Mundo / Copyright

Trata-se da divisão elite do futebol inglês e o campeonato de futebol mais rico do mundo - apenas os direitos de transmissão por TV pelas próximas temporadas foram vendidos pelo equivalente a quase R$ 20 bilhões. É a primeira vez em 116 anos de história que o clube medirá forças com as grandes equipes do país.

Uma das surpresas da segunda divisão inglesa na atual temporada - um torneio com média de público maior que a Série A do Campeonato Brasileiro -, o Bournemouth assegurou uma das duas vagas automáticas de acesso à Premier League com uma vitória por 3 a 0 sobre o Bolton Wanderers, pela penúltima rodada. Embora ainda possa ser matematicamente alcançado em pontos pelo terceiro colocado, o Middlesbrough, o Bournemouth tem um saldo de gols maior que o rival (50 contra 31).

Casa pequena

O Campeonato Inglês é uma liga de orçamentos mastodônticos, proporcionados pela fortuna de oligarcas russos e árabes. É simbolizada também pelas arenas esportivas imponentes, como o Old Trafford, o estádio do Manchester United, o segundo clube mais rico do mundo, e cuja lotação de 75 mil pessoas vive sendo atingida mesmo para jogos de menor expressão.

O Bournemouth não poderia parecer mais fora de lugar. Sua mais recente receita, relativa à temporada de 2013-14, foi de pouco mais de R$ 20 milhões. Dez vezes menos que o arrecadado pelos clubes mais pobres entre os 20 da Premier League.

Seu estádio, o Goldsands, tem capacidade para menos de 12 mil torcedores e será o menor entre os 20 estádios da divisão de elite na próxima temporada.

A folha salarial também é anã em comparação com os centenas de milhões pagos pelos grandes clubes, o que forçou o clube a investir numa combinação entre veteranos e jogadores jovens.

Desde já, a missão de sobreviver à inédita temporada no "paraíso" do futebol inglês parece suicida. Mas, para os torcedores que na noite de segunda-feira foram ao delírio no jogo com o Bolton, o futuro não parecia importar muito.

Grande fuga

Até porque nada pode parecer mais assustador que o passado do clube: em 1997, a falência foi evitada por uma "vaquinha" de torcedores. Em 2008, novos problemas financeiros fizeram o clube, já na quarta divisão, ser punido com a perda de pontos e apenas na última rodada evitar o rebaixamento para as ligas semiprofissionais. Esteve perto de fechar as portas por falta de dinheiro. E, mais uma vez, torcedores fizeram rifas, venderam bolos e fizeram doações para ajudar o clube a pagar de contas básicas ao salário dos atletas.

A salvação financeira, porém, só veio em 2011, com uma injeção de caixa do empresário russo Maxim Demin. Mas em nada comparável com as fortunas derramadas sobre outros clubes do país, como o Chelsea e o Manchester City, com quem o Bournemouth terá encontros em campo a partir do segundo semestre.

Eddie Howe, o treinador do Bournemouth, tem apenas 37 anos de idade

Assim que soou o apito em Goldsands na segunda-feira, a multidão invadiu o campo para abraçar os jogadores e carregar nos ombros o técnico Eddie Howe.

Ele transformou a decepção pela aposentadoria precoce forçada por uma lesão no joelho em uma ascensão meteórica como treinador.

"Eles não deveriam estar me agradecendo, mas, sim, eu a eles", disse o técnico.

"Este é um clube comunitário, cujos torcedores puseram a mão no bolso para manter o clube vivo. É um acontecimento fantástico e nós merecemos uma chance de enfrentar os melhores times".

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