Jogador denuncia violência policial após ser algemado e retirado à força de avião em Roma
Stéphane Oméonga, de 28 anos, embarcava para Tel-Aviv, Israel, onde atua pelo Bnei Sakhnin, antes de ser retirado da aeronave
O jogador de futebol Stéphane Oméonga, de 28 anos, denunciou uma agressão policial que sofreu no Aeroporto de Roma, na Itália. O atleta, de origem congolesa e naturalizado na Bélgica, relatou que foi retirado à força de um avião, espancado e que teve a cabeça pressionada pelo joelho de um dos agentes.
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Oméonga publicou, em suas redes sociais, imagens do momento em que é retirado do avião com destino a Tel-Aviv, em Israel, onde atua pelo Bnei Sakhnin desde 2023. Na legenda, o atleta explicou que foi abordado por um comissário sobre um suposto problema com sua documentação.
Após questionar sobre qual seria o problema, agentes da alfândega italiana foram acionados para retirar Oméonga da aeronave. O jogador, então, é algemado, puxado pelo pescoço e arrastado para fora do avião (veja o vídeo acima).
"Uma vez fora do avião, fora da vista de testemunhas, a polícia me jogou violentamente no chão, me bateu e um dos agente pressionou seu joelho contra a minha cabeça. (...) Depois, fui colocado em uma sala cinzenta, sem comida nem água, e deixado lá, em estado de total humilhação, por várias horas", escreveu, em parte do relato.
De acordo com a polícia de Roma, Oméonga integraria uma 'lista negra' de Israel, foi supostamente apontado como uma ameaça ao país e, assim, estaria impedido de embarcar. Ao jornal belga DH Les Sports+, o atleta afirmou que nunca teve qualquer tipo de problema com sua documentação para entrar em Israel.
Leia o relato completo de Stéphane Oméonga:
"No dia 25 de dezembro, eu fui vítima da brutalidade policial.
Durante um voo entre Roma e Tel Aviv, após embarcar no avião e ocupar meu lugar, um comissário me abordou sobre um suposto problema com a minha documentação e me pediu para deixar a aeronave. Confiante na validade dos meus documentos, eu calmamente o perguntei sobre qual era o problema.
A polícia foi acionada e eu fui algemado e retirado à força do avião. Uma vez fora do avião, fora da vista de testemunhas, a polícia me jogou violentamente no chão, me bateu e um dos agente pressionou seu joelho contra a minha cabeça. Fui, então, colocado em uma viatura, algemado como um criminoso, para o aeroporto. Uma ambulância chegou, mas como estava em estado de choque, não pude responder às perguntas do paramédicos. Pouco depois, ouvi no rádio da polícia: 'ele recusou atendimento médico, está tudo bem'. Isso é completamente falso, pedi para que me levasse à ambulância com eles pois estava com medo do que a polícia poderia fazer comigo.
Depois, fui colocado em uma sala cinzenta, sem comida nem água, e deixado lá, em estado de total humilhação, por várias horas. Quando fui liberado, descobri que um policial prestou uma queixa contra mim por supostos ferimentos causados durante a prisão, mesmo que eu estivesse algemado. Além disso, até hoje, não recebi qualquer justificativa para minha prisão.
Como ser humano e pai, não posso tolerar qualquer forma de discriminação. Esta prisão é apenas a ponta visível do iceberg. Muitas pessoas que se parecem comigo não conseguem achar emprego, não tem acesso a moradia ou não podem praticar esportes que amam, simplesmente porque são pretos.
Precisamos nos unir e erguer nossas vozes para educar aqueles que estão ao nosso redor -- nossos colegas, vizinhos e amigos -- sobre esse problema, que é uma praga à sociedade e atrasa seu progresso".