Luiz Gomes: 'Messi e Neymar precisam dar à camisa do PSG o peso que ela não tem'
Astros fizeram história juntos pelo Barcelona. Agora, chegou a vez da dupla mostrar o mesmo entrosamento com a camisa do Paris Saint-Germain
Já faz tempo que o PSG se esforça para deixar de ser o maior clube da França para se consolidar entre os grandes do futebol europeu e, consequentemente, do planeta bola. A contratação de Neymar foi posta como uma cartada definitiva nesse caminho, mas lá se vão quatro anos desde a chegada do brazuca e o sonho de ganhar a Champions League não se concretizou.
A relação entre Neymar, o clube e a torcida parisiense teve capítulos marcados mais pelo ódio do que pelo amor. No campo, foram idas e vindas, bons e maus momentos, contusões sérias de um lado e atuações magistrais de outro. Fora dele, polêmicas quase intermináveis, acusações de falta de empenho e reclamações de favorecimento ao jogador que por pouco não levaram a um rompimento.
Com Messi, mais uma vez, os franceses esperam dar o salto rumo ao olimpo. Uma jogada arriscada, uma engenharia contábil que já vem sendo questionada pelos rivais, é alvo de denúncias e certamente vai ter de passar pelo crivo dos analistas de fair play financeiro da Uefa. Afinal, segundo especula a imprensa europeia, o salário do argentino vai ser equivalente ao de Neymar e os dois, juntos, vão receber cerca de R$ 430 milhões por ano de contrato. Uma cifra difícil de imaginar, mais do que o dobro de toda a folha de pagamento anual do Flamengo ou a soma do que gastam juntos o rubro-negro e o Palmeiras, por exemplo.
A nova dupla de ataque do PSG não apenas já se conhece, dos tempos de Barça, mas se dá bem. Não foi por acaso que Neymar comemorou efusivamente em suas redes sociais a chegada do ex e agora futuro companheiro em suas redes sociais. As chances de que se entendam dentro e fora do campo, portanto, são enormes. E é isso o que Paris espera.
Mas será que basta o talento de Messi e Neymar para que o PSG enfim mude de patamar? É certo que não. E essa é uma lição que o PSG ainda não aprendeu e que tem sofrido na pele.
Para ser mega é preciso construir fora de campo uma estabilidade, um equilíbrio, que o clube não tem demonstrado. Só para servir de exemplo, poucos trocaram tanto de técnico como os franceses nas últimas temporadas, algo que fica muito perto da visão imediatista e amadora que se tem aqui do outro lado do Atlântico. E sem isso, não se constrói um DNA, um jeito de jogar como um Barcelona, um Real Madrid ou um Bayern de Munique, um DNA indispensável para ser campeão.
Mas, acima de tudo, é preciso criar em Paris uma mentalidade vencedora. Acabar com o complexo de vira-lata que tem perseguido os franceses em momentos decisivos, especialmente nas competições europeias, nos confrontos decisivos contra os grandes. É preciso dar à camisa azul e grená o peso que Messi tem. E esse é o desafio que o argentino e seu parça brasileiro - por que não? - vão ter que conquistar nos próximos anos.