Mesmo com Vini Jr. favorito, lista da Bola de Ouro é preocupante para o futebol brasileiro
Presença de brasileiros na tradicional premiação é cada vez mais escassa
O atacante Vinícius Júnior, do Real Madrid, foi indicado para a disputa da Bola de Ouro pelo terceiro ano seguido, um claro indicativo de sua consolidação entre os principais jogadores do mundo na atualidade. Mais que isso: o atacante é um dos grandes candidatos a levar o troféu, que não é conquistado por um brasileiro desde 2007, quando Kaká foi eleito o melhor do mundo.
Um olhar um pouco mais atento à lista de finalistas, no entanto, mostra que a indicação do craque não é exatamente motivo de comemoração. Isso porque, pela segunda vez em sequência, ele é o único brasileiro entre os 30 que disputam o título de melhor jogador do mundo na temporada 2023-2024.
Para efeito de comparação, o Brasil tem a mesma quantidade de jogadores indicados que Uruguai (Valverde) e Turquia (Çalhanoğlu), e menos que a Noruega (Haaland e Odegaard). Em 2007, foram seis brasileiros em uma lista de 50 - atualmente, a lista de finalista é composta por 30 jogadores, queda drástica para um país que continua exportando jogadores ano após ano (veja a lista completa no fim da matéria).
A redução na quantidade de atletas que disputam o prêmio de melhor do mundo vem justamente em um período de crise de identidade e de resultados para o futebol brasileiro.
Na última edição da Copa América, por exemplo, disputada entre julho e agosto, a Seleção não passou das quartas de final e foi alvo de críticas pelo seu mau desempenho. Uma das reclamações de torcedores foi de que os convocados para o torneio não são protagonistas em seus clubes ou, quando são, atuam em times medianos do futebol europeu.
Tal visão pode ser reforçada pela lista de indicados à Bola de Ouro, especialmente se pensarmos que o único brasileiro protagonista em sua equipe, e que poderia figurar entre os 30 finalistas ao prêmio, além de Vinícius, é o atacante Rodrygo.
Outros jogadores de destaque em seus clubes, como Alisson e Ederson, goleiros de Liverpool e Manchester City, respectivamente, sequer foram indicados ao prêmio de melhor goleiro do mundo, entregue à parte da Bola de Ouro.
Neymar, que representou sozinho o futebol brasileiro na disputa em quatro oportunidades entre os anos de 2012 e 2016, está lesionado há quase um ano e atuando em um campeonato considerado periférico (Arábia Saudita). Assim, é possível imaginar que, caso estivesse em ação, o atacante sequer seria indicado ao prêmio.
É claro que existem boas notícias. A indicação de Savinho, do Manchester City, para o prêmio de melhor jogador jovem da temporada (Troféu Kopa) é um alento para os torcedores brasileiros, além das presenças de Gabi Portilho (Corinthians), Tarciane (Hounston Dash) e Arthur Elias (Seleção Brasileira) nas premiações do futebol feminino.
Ainda assim, a presença cada vez mais escassa de brasileiros na própria Bola de Ouro deveria servir de alerta. O autoproclamado "país do futebol" não é mais tão dominante quanto pensa, e uma provável vitória de Vinícius Júnior no dia 28 de outubro não pode mascarar essa realidade.
Veja todos os brasileiros finalistas da Bola de Ouro desde 2007
2024 - Vinícius Júnior
2023 - Vinícius Júnior (6º)
2022 - Vinícius Júnior (8º), Fabinho (14º) e Casemiro (17º)
2021* - Neymar (6º)
2020 - não houve premiação devido à pandemia
2019 - Alisson (7º), Roberto Firmino (17º) e Marquinhos (28º)
2018 - Neymar (12º), Roberto Firmino (19º), Marcelo (22º) e Alisson (25º)
2017 - Neymar (3º), Marcelo (16º), Philippe Coutinho (29º)
2016 - Neymar (5º)
2015** - Neymar (3º)
2014** - Neymar (7º)
2013** - Neymar (5º) e Thiago Silva (21º)
2012** - Neymar (13º)
2011** - Neymar (10º) e Daniel Alves (19º)
2010** - Maicon (17º) e Júlio César (19º)
2009 - Kaká (6º), Luis Fabiano (16º), Júlio César (21º), Maicon (24º), Diego (25º)
2008 - Kaká (9º)
2007 - Kaká (1º), Robinho (9º), Ronaldinho Gaúcho (12º), Daniel Alves (15º), Rogério Ceni (27º) e Diego (36º)
*Em 2021, o brasileiro naturalizado italiano Jorginho ficou com a terceira posição
**Entre os anos de 2010 e 2015 a Bola de Ouro foi entregue em uma parceria entre Fifa e "France Football", com 23 finalistas ao invés de 30