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Jogadores investigados: entenda esquema de manipulação de resultados em apostas

Segundo o Ministério Público, há suspeitas de que o grupo criminoso tenha atuado em jogos do Brasileirão de 2022

10 mai 2023 - 21h37
(atualizado em 11/5/2023 às 16h27)
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Foto: Divulgação

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) iniciou a Operação Penalidade Máxima II, em abril deste ano, para investigar a atuação de uma organização criminosa na manipulação de resultados de jogos de futebol no Brasil. 

Segundo o MP-GO, há suspeitas de que o grupo criminoso tenha atuado em jogos do Brasileirão de 2022, além de partidas de campeonatos estaduais deste ano. A investigação descobriu que os criminosos entraram em contato com jogadores de futebol, com ofertas entre R$50 mil e R$100 mil, para que interferissem em eventos dos jogos, como receber cartões.

A interferência beneficiaria os apostadores em detrimento das casas de apostas, que estariam sendo lesadas pelas manipulações.

A Operação Penalidade Máxima II está sendo executada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Goiás e pela Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI). Os Gaecos dos Estados de Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, o Cyber Gaeco do MP de São Paulo e o Centro de Inteligência do MP do Rio de Janeiro, além das polícias Militar, Civil e Penal de Goiás, estão dando apoio ao cumprimento das diligências.

Jogadores investigados ou citados 

  • Jogadores denunciados na primeira fase da operação: Ygor Catatau, Allan Godói, André Queixo, Mateusinho, Paulo Sergio (Sampaio Corrêa), Gabriel Domingos (Vila Nova), Joseph (Tombense) e Romário (Vila Nova).
  • Jogadores denunciados na segunda fase: Eduardo Bauermann (Santos), Gabriel Tota (Juventude), Paulo Miranda (Juventude), Victor Ramos (ex-Portuguesa e ultimamente na Chapecoense), Igor Cariús (ex-Cuiabá), Fernando Neto (ex-Operário-PR).

Moraes (Juventude), Kevin Lomónaco (Red Bull Bragantino), Nikolas Farias (Novo Hamburgo) e Jarro Pedroso (ex-Inter de Santa Maria) admitiram culpa e estão sendo testemunhas. A maioria dos nomes citados acima foi divulgada pela Veja.

Fluminense informou que Vitor Mendes está afastado preventivamente das atividades do clube. O zagueiro é um dos jogadores citados pelo Ministério Público de Goiás por possível envolvimento no esquema. Na época, Vitor Mendes atuava pelo Juventude.

O Ministério Público diz que Victor Ramos aceitou R$ 100 mil para cometer pênalti. O zagueiro não recebeu o dinheiro nem cometeu o pênalti por desistência dos apostadores, que não conseguiram encontrar outros atletas para manipulação de resultados na mesma rodada, conforme informou o Goal

O pênalti aconteceria no jogo entre Guarani e Portuguesa, em 8 de fevereiro deste ano, pelo Paulistão. Na época, Victor Ramos atuava pela Lusa. Hoje, o jogador está na Chapecoense. Victor Ramos já atuou por clubes como Vitória, Vasco, Palmeiras, Goiás, Guarani, CRB e Botafogo-SP.

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O ge teve acesso a prints de conversas de Richard, do Cruzeiro, e Nino Paraíba, do América-MG, com quadrilha que manipulava jogos por apostas. Na época, os dois atuavam pelo Ceará. O combinado era forçar cartão contra o Cuiabá. Ambos receberam. De acordo com os prints do inquérito, Richard teria recebido um depósito R$ 40 mil. Nino também aparece nos prints cobrando o pagamento de um acordo anterior após o apostador lhe enviar mais uma oferta.

O meia Matheusinho, do América-MG, também foi citado. Em um áudio de 14 de setembro de 2022, um apostador diz que está fechado com ele e pagará um sinal de R$ 20 mil. Até o momento, Matheusinho não está sendo investigado pelo Ministério Público.

Foto: Reprodução
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Conforme noticiou O Globo, Nathan, do Grêmio, também foi citado em operação do Ministério Público de Goiás. Na época, ele estava no Fluminense e teria acordo para receber R$ 70 mil para forçar cartão contra o Fortaleza, mas não foi escalado por Fernando Diniz, o que revoltou os apostadores.

Nas conversas, há mensagens dos apostadores indignados: "Fernando Diniz meteu um biruta e mudou a escalação no vestiário", "Mano, o Diniz meteu o louco, mudou o time e sacou o Nathan". Em outros prints, os apostadores afirmam que Nathan teria dito a semana inteira que seria titular e que, se ele não entrasse em campo, iria arcar com o prejuízo.

Durante a partida, os apostadores ficam na expectativa. Um dos integrantes envia um print de uma foto de Nathan pronto para entrar no jogo. Porém, Diniz escolhe Martinelli após Cano marcar um gol. Os apostadores se revoltam mais uma vez: "FDP trocou de novo", "Bem na hora que o Nathan ia entrar sai a p**** do gol".

O UOL noticiou que o volante Fernando Neto, ex-Operário e atualmente no São Bernardo, tentou forçar um cartão vermelho contra o Sport na Série B de 2022 em troca de R$ 500 mil. Após não conseguir ser expulso, o jogador se explicou para o apostador:

"Eu fiz de tudo, chamei o árbitro de cego, xinguei de filho da p***, mandei ele se f**** e tomar no c* quando levei o amarelo. No meio do jogo ele perguntou se eu estava querendo ser expulso. Na volta do intervalo ele falou a mesma coisa e perguntou o que estava acontecendo. Eu tentei de todo jeito e aquele fdp não me expulsou".

Em seguida, o apostador disse para Fernando Neto que o jogador teria que arcar com o prejuízo. Uma semana e meia depois, Fernando Neto tentou convencer Eduardo Bauermann a participar da fraude, mas o zagueiro do Santos - que também está sendo investigado, mas por outro jogo - recusou a oferta.

Foto: Reprodução
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Pedrinho, lateral-esquerdo titular do Athletico, também foi citado como envolvido no esquema de manipulação de jogos por apostas. O jogador teria recebido R$ 80 mil (R$ 40 mil de forma adiantada) para receber cartão contra o Cuiabá, no Brasileirão 2022.

O jovem só recebeu o cartão aos 48 minutos do 2º tempo, o que causou aflição nos apostadores. Um deles chegou a fazer um comentário racista e falou em matar o atleta: "Eu estava em choque, já estava pensando no plano de ir à Curitiba para matar aquele macaco. Já estava louco da cabeça". Na aposta combinada, os apostadores fizeram 6 seleções: cartão para Sávio, Nino Paraíba, Vitor Mendes, Paulo Miranda, Pedrinho e vitória do Internacional sobre o Atlético-GO. A aposta feita foi de R$ 300 para voltar R$ 110,4 mil.

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Alef Manga, do Coritiba, também foi citado na conversa dos apostadores. Em nota, a assessoria do atacante nega qualquer tipo de envolvimento do jogador em esquema de apostas. 

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O jornal O Globo informou que Léo Ralpe (Red Bull Bragantino), Maurício (Internacional), Alef Manga (Coritiba) e Rafael Vaz (ex-Avaí e atualmente no São Bernardo) também são citados em esquemas de apostas. Nas conversas, os apostadores afirmam que Maurício e Alef Manga estão "confirmados" e Léo Ralpe e Rafael Vaz estão "aguardando titularidade".

O staff do meia Maurício, do Internacional, afirma que, de fato, o jogador foi procurado por apostadores, mas recusou. Maurício foi abordado primeiramente por um intermediário, quando disse o primeiro "não". Depois, foi procurado de novo, desta vez por ligação telefônica, e respondeu aos criminosos: "Não curto esta parada. Não vou mudar de ideia".

Foto: Reprodução
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Também nos Estados Unidos 

A quadrilha investigada pelo Ministério Público cita esquema de manipulação em jogos até na MLS, liga dos Estados Unidos. Há conversas do chefe do esquema com o meia Max (ex-Flamengo e atualmente no Colorado Rapids) e com o lateral Zeca (ex-Santos, Inter, Vasco, Houston Dynamo e atualmente no Vitória).

As mensagens, que O Globo teve acesso, mostram um pagamento de R$ 45 mil para Max forçar um cartão. Há também negociações com Zeca, que na época estava no Houston Dynamo. A quadrilha oferece R$ 70 mil, mas o jogador afirma que não vai atuar na partida. Em seguida, o chefe da quadrilha pede para que Zeca indique outro jogador, e o lateral responde: "Vou ver e te falo já".

Foto: Reprodução
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Em material adquirido pelo GE, conversas mostram que o zagueiro Didi, ex-Bahia e atualmente no Avaí, sabia do esquema e também apostou na expulsão de Eduardo Bauermann. A aposta acabou dando errado, pois o santista só foi expulso após o fim do jogo.

Em outra conversa, Didi cobra ao apostador o pagamento de R$ 250 mil a um terceiro não identificado. O apostador chega a falar em matar Bauermann:

''Bauermann quer vender 15% do passe dele ou pagar parcelado. Vou fazer o quê, Didi? Eu não tenho esse dinheiro agora. Infelizmente vou ter que receber assim ou matar o cara e não receber nada'', afirmou. 

Pressionado, o apostador explica ao zagueiro Didi que Bauermann quer pagar em parcelas de R$ 50 mil e chama o jogador do Santos de 'macaco'. Em mais uma conversa, o apostador pergunta a Didi se ele conhece algum jogador do Vila Nova disposto a cometer um pênalti forçado, em troca de R$ 80 mil.

Foto: Divulgação
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O STJD deve anunciar em breve a suspensão preventiva de todos os jogadores que estão sendo investigados no esquema de manipulação de jogos por apostas. Apesar disso, o Campeonato Brasileiro deste ano não deve ser paralisado. 

Em contato com o Terra, a entidade e a CBF informaram que o Brasileirão de 2022 também não vai sofrer mudanças. Então, o Palmeiras, campeão brasileiro de 2022, não corre o risco de ter seu título suspenso. As punições devem ser individuais (aos atletas) e não coletivas. 

Fonte: Redação Terra
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