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Jornalista Grant Wahl passa mal em partida entre Argentina x Holanda e morre no Catar

Referência na área, americano estava em seu oitavo Mundial na carreira; no começo do torneio, o profissional relatou ter sido barrado em um estádio por estar vestindo uma camiseta com símbolo da bandeira LGBT+

10 dez 2022 - 00h22
(atualizado às 08h47)
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O jornalista americano Grant Wahl, de 48 anos, que estava no Catar para realizar a cobertura da sua oitava Copa do Mundo, morreu na madrugada de sábado após a partida entre Argentina e Holanda pelas quartas de final do Mundial. Não há ainda informações conclusivas sobre a causa da morte do jornalista, considerado uma das principais referências do país na área da cobertura esportiva.

A imprensa americana e agências internacionais informam que o profissional passou mal durante a prorrogação do jogo entre argentinos e holandeses, realizado no Estádio Lusail. O irmão da vítima, Eric, porém, contesta a versão e acredita que Wahl tenha sido assassinado.

Testemunhas que estavam próximas a Wahl na tribuna de imprensa do estádio relatam que ele caiu para trás com a sua cadeira, enquanto o jogo estava na prorrogação. Outros repórteres descrevem que trabalhadores dos serviços de emergência o socorreram de forma rápida, mas que, momentos depois, os profissionais de imprensa receberam a notícia de que o americano havia morrido. Não há informações precisas se o profissional morreu no hospital para onde foi levado ou no trajeto até a unidade de saúde onde foi atendido.

Em comunicado assinado pelo presidente Gianni Infantino, a Fifa prestou condolências à família de Wahl. "É com incredulidade e imensa tristeza que tomei conhecimento do falecimento do renomado jornalista esportivo Grant Wahl, durante uma reportagem sobre uma partida das quartas de final da Copa do Mundo da Fifa no Catar", diz a nota. "Sua carreira também incluiu a participação em várias Copas do Mundo Femininas, bem como em uma série de outros eventos esportivos internacionais. O amor pelo futebol era imenso e suas reportagens deixarão saudades em todos que acompanham o jogo global."

Na última segunda-feira, Wahl escreveu que precisou visitar um hospital porque não estava se sentindo bem. "O que tinha sido um resfriado nos últimos dez dias se transformou em algo mais severo na noite do jogo Estados Unidos x Holanda (pelas oitavas de final), e eu podia sentir minha parte superior do peito assumir um novo nível de pressão e desconforto", escreveu o jornalista.

"Eu não tinha covid (faço exames regularmente aqui), mas fui hoje à clínica médica do principal centro de mídia e disseram que provavelmente tenho bronquite. Eles me deram antibióticos e um xarope para tosse forte, e já estou me sentindo um pouco melhor algumas horas depois", completou.

No começo do Mundial, o jornalista relatou em suas redes sociais que fora detido no Estádio Ahmed bin Ali, antes da partida entre Estados Unidos e País de Gales, pela primeira rodada Copa, por estar vestindo uma camiseta com a estampa de um arco-íris. O Catar tem adotado uma política de repressão às manifestações em favor do movimento LGBT+, cuja bandeira leva as cores do arco-íris.

Posteriormente, o jornalista voltou às redes sociais para atualizar o caso e revelou que conseguiu entrar no estádio, após ter ficado detido por quase meia hora. "Estou bem, mas foi uma provocação desnecessária. Estou na área destinada à imprensa, ainda vestindo minha camiseta. Fiquei detido por quase meia hora. Vamos, gays", escreveu.

Irmão acusa assassinato

Segundo Eric Wahl, irmão de Grant e que é gay, o jornalista foi ao estádio com a camiseta justamente para apoiá-lo. "Eu sou a razão por ele ter usado a camiseta com o arco-íris na partida da Copa do Mundo", disse Eric, em um vídeo postado em sua conta no Instagram. Ele fechou a rede social minutos depois.

Na publicação, ele afirma que o irmão era saudável e que acredita que Grant tenha sido morto, e não vítima de alguma doença. "Meu irmão era saudável. Ele me disse que recebeu ameaças de morte. Não acredito que meu irmão acabou de morrer. Eu acredito que ele foi morto. E eu apenas imploro por qualquer ajuda", disse.

Homenagem

O ativismo de Grant Wahl foi lembrado pela federação americana de futebol que, por meio de nota, lamentou a morte do jornalista.

"Tão importante quanto isso foi a crença de Grant no poder do jogo para promover os direitos humanos. Isso foi e continuará sendo uma inspiração para todos. Grant fez do futebol o trabalho de sua vida, e estamos arrasados que ele e sua escrita brilhante não estarão mais no futebol dos EUA, que envia suas mais sinceras condolências à esposa de Grant, Dra. Celine Gounder, e a todos os seus familiares, amigos e colegas na mídia", escreveu a entidade.

Celine Gounder, mulher de Wahl, agradeceu as homenagens e disse estar devastada com a morte do marido. "Muito agradecida pelo apoio da família do futebol e de muitos amigos que nos abordaram hoje à noite. Estou completamente em choque", escreveu Celine.

Quem foi Grant Wahl?

Formado em 1996 em Princeton, Wahl trabalhou para a Sports Illustrated de 1996 a 2021, e era reconhecido principalmente por sua cobertura nas modalidades de futebol, basquete universitário e futebol feminino.

Participando do seu oitavo Mundial, Wahl foi um dos 82 jornalistas homenageados pela Fifa por ter participado de oito Copas do Mundo. Os narradores brasileiros Galvão Bueno e Luis Roberto, da Rede Globo, também foram condecorados com a honraria.

Estadão
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