Longe da imagem que governo tenta passar, pobreza explode na Rússia
Segundo pesquisa do Banco Mundial, cerca de 23,4 milhões de pessoas no país vivem com renda inferior a US$ 5 (R$ 19) por dia
Longe da imagem ideal que o governo pretendia passar da Rússia para o resto do mundo, os dados revelam que a pobreza explodiu no país nos últimos tempos. Em apenas quatro anos, 8 milhões de russos foram somados ao exército de pobres no país. Em 2013, o Banco Mundial estimou que 15,5 milhões de pessoas na Rússia viviam abaixo da linha da pobreza, considerando uma renda de US$ 5 (R$ 19) por dia. O estabelecimento da linha da pobreza é um cálculo feito com base na renda média do país, preços e condições de vida.
No início de 2016, esse número havia saltado para 23,4 milhões de pessoas. Os dados oficiais russos insistem que esse número caiu para 21,1 milhões. Mas ainda assim é o mais alto em mais de uma década.
Em comparação ao ano em que Putin assumiu o poder, os dados são mais positivos. Em 2000, a taxa era de 29% da população. Mas, no auge de seu crescimento econômico, ela atingiu apenas 10%. Hoje, supera a marca de 14%.
Outra constatação do Banco Mundial: "a vulnerabilidade está aumentando" na Rússia. "A proporção da população economicamente segura (com um consumo de mais de US$ 10 - R$ 38 - por dia) caiu de 48,2% em 2015 para 46,3% em 2016", disse.
À medida que a pobreza aumentava, o governo de Putin reforçou seu discurso de patriotismo, inclusive insinuando a necessidade de que esforços fossem feitos pela sociedade diante da crise. O aumento da pobreza coincide com as sanções internacionais impostas contra a Rússia diante da anexação da Crimeia. Mas também pesou a queda por alguns anos do preço do barril do petróleo.
Se os magnatas russos não viram um impacto real dessa crise, parte da população viveu isso na pele. O resultado tem sido uma disparidade social importante. Hoje, a elite russa, que representa 10% de sua população, controla 77% da riqueza do país, segundo dados do banco Credit Suisse.
Os dados do Banco Mundial ainda revelam que um dimensão importante da economia russa opera na informalidade, com empregos sem registros ou garantias sociais. "Salários formais representam menos de metade da renda das famílias", aponta a entidade, que revela uma taxa de 38% de formalidade dos salários.
De acordo com dados internacionais, a crise vem impactando os serviços prestados pelo governo. A população russa tradicionalmente acostumada a não pagar pelos serviços de saúde está sendo obrigada a tirar dinheiro de suas poupanças para garantir um atendimento. Em 2007, um russo gastava em média US$ 267 (R$ 1.030) por ano com saúde a partir de suas próprias economias. Hoje, destina US$ 528 (R$ 2.040).