Luiz Gomes: "Tem guerra aqui no futebol e é hora de reagir"
Bombas e apedrejamentos marcaram o futebol nacional na última semana e despertaram um alerta na consciência
Uma semana depois do atentado com bombas ao ônibus do Bahia - e outros tantos dias das pedradas no ônibus do Grêmio e da invasão do campo na Vila Capanema, com a agressão covarde ao time do Paraná - impressiona a passividade da CBF, das federações, dos clubes e, especialmente dos jogadores diante desses fatos.
No fim de semana pipocaram pelos gramados tupiniquins manifestações contrárias à Guerra da Ucrânia e atos de apoio ao país atacado pela Rússia. Uma causa justa, sem dúvidas. Expressar opiniões, defender posições é e deve ser sempre um direito de todos. Desde que respeitados, claro, os limites da civilidade.
Mas e a guerra doméstica em que está mergulhado o nosso futebol? Não merece uma mobilização geral, uma ação organizada para protestar contra a onda de violência em que os jogadores têm sido o maior alvo? O silêncio é a falta de articulação em um momento como esse, diante da sucessão de casos, é simplesmente inadmissível. E desmoralizante.
A posição da Fifa, do COI e das federações dos mais diversos esportes, do sindicato mundial de jogadores de futebol, suas atitudes contra a invasão russa e em defesa da soberania ucraniana é bem-vinda, faz sentido. Vem ao encontro quase que a uma unanimidade global. Ainda que outros tantos países tenham sido invadidos ao longo de décadas e medidas semelhantes não tenham sido tomadas sob a hipócrita máxima - ou mínima - de que esporte e política não se misturam.
Esporte e política sempre se misturaram ao longo da história.
Agora, futebol e segurança deveriam ser palavras, essas sim, indissociáveis. Faz tempo, porém que deixaram de ser. Se é que algum dia já foram.
Em poucos lugares do mundo, contudo, se vê uma situação de insegurança com a intensidade com que tem acontecido no Brasil. Não dá para não crer que uma tragédia de verdade esteja em vias de acontecer por aqui caso se continue a não tomar medidas concretas.
Quando a impunidade e a tolerância andam juntas, a irracionalidade e a insensatez encontram um solo fertil para proliferar. É quando o incontrolável vem à tona.