Márcia Aoki, viúva de Pelé, declina opção de ser inventariante e Edinho vai administrar herança
Ao 'Estadão', advogado afirma que decisão atende desejo dos filhos do Rei do Futebol e preza pela melhor relação entre herdeiros; DNA para comprovar nova filha é recomendado
A viúva de Pelé, Márcia Aoki, decidiu não ser a inventariante da herança deixada pelo marido, morto em 29 de dezembro em decorrência de um câncer no cólon. A administração ficará com o ex-goleiro e técnico Edinho, um dos filhos do Rei do Futebol. Ao Estadão, o advogado de Márcia, Luiz Kignel, confirmou a decisão da cliente, que tinha até esta sexta-feira para definir a situação.
"(Ela) atendeu ao pedido dos filhos que indicaram Edinho para a função. Ainda que ela tivesse a prerrogativa de ser inventariante, Márcia preferiu atender ao pedido dos filhos dentro da construção da melhor relação entre os herdeiros", disse Kignel. "Márcia quer, acima de tudo, preservar o nome e a memória do Pelé e portanto teve essa decisão como demonstração de colaboração junto aos filhos de Pelé".
Inventariante é aquela pessoa incumbido de administrar o espólio enquanto não se julga a partilha e não são atribuídas as partes pertinentes aos herdeiros ou legatários, no caso, da herança deixada por Pelé estimada em R$ 78 milhões.
Edinho pediu para administrar a herança de Pelé assim que o inventário foi aberto, argumentando estar em posse de bens do inventariado. A juíza Suzana Pereira da Silva, da 2ª Vara de Família e Sucessões de Santos, negou o pedido alegando que Márcia seria a primeira pessoa na ordem de nomeação legal e precisava ser consultada.
Márcia se casou com Pelé em 2016, quando o Rei já tinha 75 anos. De acordo com o Código Civil brasileiro, todas as pessoas acima de 70 anos devem se casar com separação de bens. No testamento, assinado em 2020, a lenda da seleção brasileira e do Santos destina 30% de todos os seus bens a Márcia — incluindo uma casa no Guarujá —, 60% a serem divididos para os seis filhos e outros 10% para dois netos, filhos da sua filha Sandra Regina, morta em 2006, e que ele nunca reconheceu.
Com 56 anos, Márcia era a terceira mulher do atleta e o namorava desde 2010. Ela, que atualmente trabalha em uma empresa de importação de suplementos médicos, conheceu Pelé enquanto estudava administração em Nova York, EUA, na década de 1980. Ela é de Penápolis, interior de São Paulo.
Ainda de acordo com Luiz Kignel, foi recomendado aos filhos de Pelé a realização de um exame de DNA para comprovar a existência de mais uma filha como herdeira. O Rei do Futebol citou a possibilidade em seu testamento. Ele respondia na Justiça uma ação de paternidade movida por Maria do Socorro Azevedo, que é representada pela Defensoria Pública de São Paulo e alega ser sua filha, tornando-a também herdeira legítima.
"Agora, ficou acertada a inventariança e isso ajuda no próximo passo dos filhos. Porque sem isso, não conseguimos finalizar uma partilha amigável", afirma Kignel.
Segundo a revista Forbes, a fortuna de Pelé é estimada em U$ 15 milhões (R$ 78,1 milhões na cotação atual). No entanto, apenas após os ritos legais será possível descobrir o valor do montante. A partilha será decidida na 2ª Vara da Família e Sucessões do Foro de Santos. Antes de Márcia, Pelé havia sido casado duas vezes: com Rosimeri Cholbi e com a cantora gospel Assíria Nascimento.
Edinho, de 52 anos, Jennifer, 43, e Kely, 54, são os filhos que Pelé teve com Rosemeri. Os gêmeos Celeste e Joshua, de 26 anos, são frutos da relação dele com Assíria. Sandra foi fruto de uma relação rápida que o Rei teve com Anísia Machado, em 1966. O reconhecimento da paternidade se deu anos depois por meio de exame de DNA. Flávia Cristina é filha de Lenita Kurtz, que se relacionou com Pelé em 1969.