Seleção feminina vai para a Copa do Mundo desacreditada
CBF anunciou nesta quinta-feira (16) as convocadas para a disputa do Mundial
É bem provável que a Copa do Mundo da França, em junho e julho, seja a última de Marta (33 anos), Formiga (41) e Cristiane (34) pela Seleção feminina de futebol e represente o início de um novo ciclo para a equipe. Tudo, porém, ainda é muito incerto e as perspectivas não se traduzem em otimismo. Basta checar o retrospecto mais recente da Seleção – nove derrotas nos últimos nove jogos.
A estratégia do técnico Oswaldo Alvarez, o Vadão, ao anunciar nesta quinta, no Rio, a lista das 23 convocadas para a Copa do Mundo, foi a de desprezar os fracassos que se acumulam desde agosto do ano passado. “Vamos passar uma borracha no que ficou para trás”, disse, como quem quer acreditar que um time que perdeu nove vezes seguidas pode chegar à competição mais importante da categoria em condições de vencê-la.
Vadão até se incomodou com uma pergunta sobre sua situação na Seleção. Diante da realidade do futebol brasileiro, é muito raro um técnico se manter no cargo com tantas derrotas consecutivas. Ao responder sobre o peso que carrega por causa desses resultados e da pressão que recai sobre ele por uma Copa Mundo no mínimo honrosa para o Brasil, Vadão passou a enumerar vitórias obtidas antes da série de insucessos.
Chegou a citar Tite, técnico da Seleção masculina, para ressaltar que a CBF fez a opção correta, nas duas seleções.
“O Tite foi mantido após uma Copa do Mundo, o que não é normal. Eu também fui mantido. A CBF mudou e está nos dando tranquilidade. No feminino, vencemos dois torneios internacionais, disputando a final de um contra os Estados Unidos e do outro, contra o Canadá. São duas potências no futebol feminino. Também conquistamos duas Copas América. Meu saldo aqui é muito mais positivo.”
Em socorro a Vadão, o coordenador do futebol feminino da CBF, Marco Aurélio Cunha, citou outros fatores para minimizar a sequência de reveses. “Todos os jogos foram fora de casa e todos por placar apertado; nenhuma derrota acachapante”, declarou, ao lado de Vadão, durante entrevista de ambos no auditório da entidade, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.
Cunha, depois, ainda acrescentou que a Seleção feminina tem uma vida mais difícil que à masculina. “Elas viajam em classe econômica; chegam ao local (cidade) da partida dois dias antes, nem há tempo para treinar. Não é fácil.”
O Brasil estreia na Copa do Mundo da França em 9 de junho, contra a Jamaica. Na primeira fase, enfrentará também Austrália e Itália. A preparação da equipe vai ser feita em Portugal, para onde o grupo segue na terça-feira (21).