Estreia na Nova Zelândia tem casa cheia, haka e fantasiados
Primeiro jogo do Mundial Sub-20 reuniu 25 mil torcedores em Auckland; disputa terminou com empate entre Nova Zelândia e Ucrânia
Com bateria formada por “kiwis” – tanto a fruta como o pássaro símbolo da Nova Zelândia - e a tradicional performance haka dos maoris, o segundo evento mundial mais importante de futebol teve início neste sábado no estádio North Harbour, em Auckland. Os neozelandeses mostraram que o fanatismo por esportes não está restrito ao rúgbi e que futebol também está no sangue: 25 mil ingressos foram vendidos, e o jogo entre Ucrânia e Nova Zelândia teve casa cheia. “Nós amamos futebol”, afirmou a família Nieuwland pouco antes da partida; ela ainda garantiu que vai seguir o All Whites no torneio.
Como manda a tradição neozelandesa quando se trata de estádio, muitos foram fantasiados à estreia do Mundial Sub-20. Perucas, chapéus, pinturas no rosto e roupas customizadas ficaram para os mais criativos, enquanto outros aderiram apenas à bandeira. Os amigos Gary Dome e John Lyon chamaram a atenção em meio à multidão que ainda tentava encontrar o portão de entrada correto. “Estamos vestidos para a vitória. Usamos esse conjunto na Copa do Mundo de 2010 na África do Sul e no ano passado, no Brasil”, disse Gary, fanático pelo esporte.
O trio Dale Warburton, Tracey Hodge e Davi Richardson escolheu traje branco com cartola, bengala e saia de tule - para Tracey, é claro. O grupo disse acompanhar jogos de rúgbi, mas afirmou ter o futebol como esporte número um. A cor não foi escolhida à toa já, que é o branco que representa a seleção de futebol neozelandesa. Além disso, a organização do evento divulgou uma promoção que sem dúvida ajudou torcedores a escolherem o traje para o dia. Quem vestisse branco e postasse foto no Twitter com a hashtag #NZWhiteOut concorreria a uma viagem para assistir ao jogo do Liverpool contra Brisbane Roar, em julho.
Em menor quantidade, torcedores da Ucrânia carregaram bandeiras do país para dentro do estádio e, apesar de tímidos no início ao encontrarem outros conterrâneos vestidos de azul e amarelo, organizaram cantos de vitória para o time em frente ao portão principal do local. O ucraniano Igor Revenko acompanhou o jogo ao lado de amigos neozelandeses, em uma rivalidade saudável e amistosa. Pavel Prokofyev e o filho Lev irão viajar pela Nova Zelândia para prestigiar a seleção ucraniana.
“Torcedores-coruja”
O público de um “mix” de nacionalidades inclui familiares e amigos daqueles que podem ser os próximos craques da Copa do Mundo. A família do meio-campista neozelandês Matthew Ridenton chegou ao North Harbour carregando bandeiras e vestindo camisas com o nome do jogador. “Meu filho vai jogar, viemos apoiar”, disse Georgina Ridenton.
Já o pai do brasileiro Andrea Pereira viajou 25 horas de Manchester até Auckland para acompanhar o filho no torneio. “O Brasil não entra em um campeonato para perder, vamos ganhar”, comentou Marcos Pereira. “Sou um torcedor-pai, não fico no meio da torcida, gosto de ficar em um lugar mais tranquilo, caso o jogo vá mal e a torcida comece a reclamar, não quero ouvir”, contou. Marcos viaja no domingo para New Plymouth, onde a Seleção Brasileira fará estreia no dia 1° de junho, e segue Andreas até “a final, se tudo der certo”.
País do rúgbi, Mundial de futebol
A seleção neozelandesa de rúgbi, popularmente chamada de All Blacks, é conhecida mundialmente pelo bom desempenho em campeonatos. O críquete é outra modalidade em que o país se destaca – e sediou recentemente torneios mundiais dos dois esportes -, no entanto, a tradição neozelandesa no futebol ainda está bastante atrás de seleções europeias e sul-americanas. O CEO do comitê de organização local, Dave Beeche, afirmou em entrevista que nunca houve temor de fracasso do evento, mas que a Fifa e uma equipe na Nova Zelândia trabalharam por dois anos e meio para organizar o evento.
“O futebol não é o esporte número um na Nova Zelândia, mas é o com maior participação. Existem mais crianças jogando futebol do que qualquer outro esporte”, afirmou o CEO. A equipe local organizou eventos de incentivo nas escolas, e o Mundial Sub-20 chega para incentivar ainda mais o crescimento do esporte no país.
Além de avisos e propagandas, a Fifa criou um espaço de entretenimento ligado ao futebol que estará aberto no centro de Auckland durante todo o torneio, o Fever Pitch. Os torcedores também contam com ônibus especial do centro da cidade até o estádio. Atividades especiais e relacionadas ao turismo também estão acontecendo a todo vapor nas próximas semanas: “É uma oportunidade única para mostrar as belezas neozelandesas. Nosso papel é maximizar o evento”, acrescentou Rebecca Ingram, gerente geral de eventos do departamento de turismo da Nova Zelândia.