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Na prisão, Ronaldinho Gaúcho encarou cela sem banheiro

Ex-jogador brasileiro precisou pagar multa milionária para retornar ao Brasil

6 set 2020 - 14h30
(atualizado às 14h30)
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O drama de um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro começou exatamente às 9h15 da manhã do dia 4 de março, quando Ronaldinho apresentou às autoridades de controle migratório do Aeroporto Silvio Pettirossi, em Luque, no Paraguai, o passaporte Q568928 no qual constava que ele era cidadão brasileiro naturalizado paraguaio. O clima era de festa. Muitos fãs foram até o aeroporto para reverenciar Ronaldinho.

Ronaldinho Gaúcho e seu irmão, Roberto Assis
Ronaldinho Gaúcho e seu irmão, Roberto Assis
Foto: Reprodução/TV Justicia / Estadão Conteúdo

O clima festivo, no entanto, caiu por terra dois dias depois, quando a Justiça decretou a prisão do ex-jogador e do seu irmão Assis. A suspeita do MP era de que ambos faziam parte de um amplo esquema de falsificação e lavagem de dinheiro.

Os brasileiros foram levados à Agrupación Especializada, um quartel da Polícia Nacional adaptado em presídio. Lá, eles passaram a dividir uma cela de 18 metros quadrados. O local era equipado com duas camas, televisão, geladeira e um ar-condicionado instalado após a chegada da dupla. O banheiro, no entanto, era fora da sala e de uso coletivo. Como a temperatura na capital paraguaia batia os 40ºC em março, Ronaldinho passava o dia de bermuda, camiseta, chinelos e cheio de repelente de mosquito por todo o corpo. O presídio fica em uma região arborizada, próxima do Rio Paraguai, e havia muitos insetos naquela época do ano.

Nos primeiros dias de cárcere, Ronaldinho se recusava a comer a mesma refeição servida aos outros quase 200 detentos e só se alimentava com a comida de restaurantes levada pelos seus advogados. Depois, no entanto, passou a ir com frequência ao refeitório da cadeia e até participava de partidas de futebol e futevôlei na cadeia.

Ronaldinho e o irmão já estavam presos há mais de um mês na Agrupación até que, no dia 7 de abril, conseguiram a primeira vitória na Justiça. O juiz Gustavo Amarilla decidiu mudar o regime de reclusão dos brasileiros, que ganharam o direito de transferência à prisão domiciliar em um hotel.

O que chamou atenção foi a mudança de estratégia dos advogados de Ronaldinho e seu irmão, sobretudo do ponto de vista financeiro. No mês anterior, eles haviam dado como garantia um imóvel que serviria como prisão domiciliar, no valor de US$ 770 mil (R$ 4,1 milhões). Mas o juiz negou. Os advogados de Ronaldinho resolveram oferecer o pagamento de uma fiança de US$ 1,6 milhão (R$ 8,3 milhões) e indicaram que ele e Assis iriam morar no Hotel Palmaroga. O juiz aceitou a nova proposta e permitiu que os brasileiros ficassem em prisão domiciliar.

Eles ficaram no hotel até o dia 24 de agosto, quando, apesar de serem foram condenados pela Justiça, a pena foi suspensa e o pagamento de um multa permitiu que eles voltassem para o Brasil.

Estadão
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