Neymar diz estar feliz na Arábia Saudita e apoia candidatura local à Copa do Mundo de 2034
Brasileiro é porta-voz em vídeo de campanha para sediar Mundial, enquanto entidades como a Anistia Internacional cobram da Fifa garantias de que o país árabe respeitará os direitos humanos
A Arábia Saudita lançou nas redes sociais a sua candidatura oficial para sediar a Copa do Mundo de 2034. Uma das referências do futebol local, o brasileiro Neymar surgiu como uma espécie de "garoto-propaganda" do vídeo e fez questão de exaltar a sua boa relação com país árabe. Entre outras coisas, ele disse estar feliz e incentivou a ida de outros atletas de prestígio internacional.
"Tenho que admitir que fiquei bastante surpreendido com a Arábia Saudita. De fora, temos a perspectiva muito diferente do que é o País. Fiquei surpreendido. Por isso é muito importante que toda a gente de todo o mundo saiba mais sobre a cultura saudita. Devo dizer que estou feliz e a minha família está feliz", afirmou o jogador em parte do vídeo que circula nas redes sociais.
Ciente da importância que tem no mercado do futebol, Neymar agiu como um "porta-voz" da candidatura e fez questão de ser uma porta de entrada para os astros que queiram se aventurar por lá.
"Sei que hoje tenho uma grande influência e tenho consciência disso. O Cristiano Ronaldo é um grande ídolo e o Benzema também. Sabemos o nosso poder. Tudo aqui está relacionado com o futebol. Pensam nos jogadores para que não haja voos longos e tempo de viagem. Tudo para que possamos recuperar mais rapidamente", comentou.
Sobre o futuro do futebol local, Neymar fez uma previsão otimista. "Acredito que muitos vão ter a oportunidade de vir para cá e penso que todos deveriam ter a chance de viver o que eu tenho vivido. Os jogadores sauditas estão melhorando em termos de competitividade e qualidade. Significa que em 2034 serão melhores."
Com contrato até junho de 2025 com o Ah-Hilal, Neymar teve a sua trajetória ligada a uma séria contusão no joelho. Por causa de uma cirurgia, o atleta pouco jogou e precisou ser submetido a um processo de recuperação fora dos campos. Por conta disso, uma rescisão de contrato chegou a ser ventilada.
Neymar se machucou com a seleção brasileira em jogo diante do Uruguai em partida válida pelas Eliminatórias da América do Sul para a Copa do Mundo de 2026. O duelo aconteceu em outubro do ano passado. Ele ficou mais de um ano parado e voltou a jogar no final de outubro.
No compromisso diante do Esteghal, na última segunda-feira, pela Liga dos Campeões da Ásia, o jogador voltou a se contundir. De acordo com exames de imagem, o Al-Hilal informou que o atleta revelado pelo Santos teve uma ruptura no tendão da coxa esquerda.
Campanha contra Arábia Saudita como sede da Copa
A Anistia Internacional fez um apelo à Fifa nesta segunda-feira. A entidade, em parceria com a Sport & Rights Alliance (SRA), pediu que o órgão máximo do futebol mundial não confirme a Arábia Saudita como sede da Copa do Mundo de 2034, ao menos que o país revise seus leis e demonstre respeito pelos direitos humanos.Pela programação anunciada há meses, a Fifa deve oficializar a Arábia Saudita como sede do futuro Mundial em seu Congresso, em dezembro. No mesmo evento, confirmará Marrocos, Espanha e Portugal como sedes de 2030 - esta Copa terá seus primeiros jogos sendo disputados no Uruguai, na Argentina e no Paraguai.
"Haverá um custo humano real e previsível para conceder a Copa do Mundo de 2034 à Arábia Saudita sem obter garantias confiáveis de reforma", afirmou Steve Cockburn, chefe da área de direitos trabalhistas e esporte da Anistia, em relatório nesta segunda-feira.
"Os torcedores vão enfrentar discriminação, os moradores serão despejados à força, os trabalhadores migrantes enfrentarão exploração e muitos morrerão. A Fifa deve interromper o processo até que as proteções adequadas aos direitos humanos estejam em vigor para evitar piorar uma situação já terrível."
As duas entidades também cobraram que a Fifa seja mais exigente em termos de direitos humanos também com as principais sedes da Copa de 2030: Marrocos, Espanha e Portugal.
"A Fifa também deve exigir estratégias muito mais confiáveis e compromissos vinculativos para evitar violações de direitos humanos em relação à Copa do Mundo de 2030. Marrocos, Portugal e Espanha ainda não explicaram adequadamente como jogadores e torcedores serão protegidos de abusos discriminatórios, quais medidas serão tomadas para evitar o uso excessivo da força policial ou como os direitos de moradia dos moradores serão salvaguardados."
Em junho deste ano, a Anistia Internacional e a SRA se aprofundaram sobre episódios que fundamental suas cobranças em um relatório de 91 páginas. No documento, as entidades detalham os riscos de direitos humanos relacionados às duas edições futuras da Copa do Mundo, de 2030 e 2034 - antes, em 2026, o Mundial será disputado nos Estados Unidos, México e Canadá.
Em resposta, a Fifa afirmou que vai revelar o conteúdo dos seus relatórios, nos quais avaliam todos os candidatos à sede da Copa, antes do seu Congresso. "A Fifa está implementando processos de candidatura completos para as edições de 2030 e 2034 da Copa do Mundo", disse um porta-voz da entidade.