Neymar é um dos culpados do afastamento da Seleção
Jogador disse em podcast não saber o motivo do distanciamento da seleção com o torcedor
Numa entrevista recente ao streamer Gaules e ao campeão mundial Ronaldo Fenômeno, publicada no podcast “Fenômenos”, do próprio ex-jogador, o camisa 10 do PSG, Neymar, disse não saber o porquê do distanciamento da Seleção brasileira com o torcedor. Falou isso com naturalidade, sem nenhum senso crítico. Neymar integra a equipe desde 2010 e está perto de estabelecer recorde como principal artilheiro da história do time pentacampeão do mundo.
“A Seleção brasileira se distanciou muito do torcedor brasileiro. Não sei o motivo, quando começou, mas vejo isso pelos nossos jogos. São pouco comentados, as pessoas não sabem quando vai ser o jogo, e isso é ruim. É triste viver nesta geração em que um jogo da Seleção brasileira não é importante, porque, quando eu era criança, jogo da Seleção era um evento, família inteira, camisa, bandeira do Brasil na janela, churrasco ...”
Neymar tem razão quanto à parte final de sua análise. Até duas décadas atrás, jogo da Seleção era mesmo um evento. Independentemente de adversário, amigos e parentes se reuniam diante da TV para ver a equipe em ação. Podia ser jogo oficial, amistoso, não importava.
Há vários motivos para esse distanciamento, gradativo. A exportação de nossos melhores jogadores que saem do Brasil cada vez mais cedo para brilhar na Europa é um exemplo. Mas não fica nisso. Há de se considerar a relação que os próprios atletas passaram a estabelecer com a Seleção.
Anos atrás, Zico, um dos maiores nomes do futebol mundial, disse numa entrevista coletiva que, na sua época de Seleção, quando o Brasil perdia uma partida, os jogadores não conseguiam dormir. Ficavam de tal modo abatidos com a derrota que procuravam, em geral, se isolar. Zico mesmo relatou que passava noites assim acordado e com o choro incontido.
Se dermos um salto na história para chegar aos últimos anos da Seleção não haverá dúvidas de que houve uma reviravolta em tudo isso. Neymar representa bastante essa ruptura. Foram incontáveis as vezes em que usou seu espaço na Seleção para divulgar seus patrocinadores particulares ou mesmo para peitá-los.
Como fez com a Nike em maio de 2021, após a empresa encerrar a parceria por suposto envolvimento dele em caso de assédio sexual. Estava na concentração da Seleção quando ironizou a empresa (até hoje patrocinadora oficial da CBF) exibindo seu uniforme de treino com a logomarca da Nike coberta por emojis.
Foram inúmeras as situações em que após um revés ou outro da Seleção, ou do seu clube, Neymar não se sentiu nem um pouco constrangido em postar fotos e vídeos em redes sociais a bordo de iates ou em festões no Rio ou em Paris. Também basta uma rápida pesquisa na Internet para conferir outros momentos em que fez questão de exibir relógio, mansão, carros novos, enfim sua vida de luxo, sem nenhum cuidado com a própria imagem.
O fato de ser o segundo jogador da história da Seleção com mais cartões amarelos, atrás apenas de Cafu, é outro tema no mínimo intrigante. Por causa de reações evitáveis, ficou fora de vários jogos da Seleção, a fim de cumprir suspensão – boa parte desses confrontos contra seleções de menor porte.
Há na memória do torcedor muitos dribles e gols bonitos de Neymar pela Seleção. Mas o craque do PSG nunca fez questão de esconder esse seu lado soberbo. Quem acompanha e gosta do time que encantou o mundo pelo menos em cinco Mundiais já detectou isso faz tempo. Muitos preferem passar pano nessa questão. Outros tomam o caminho do distanciamento.