Ouro e arrogância: futebol brasileiro teve 2 pódios no Japão
Jogadores e CBF afrontaram espírito olímpico; soberba sem limites
O nadador Bruno Fratus, medalhista em Tóquio, fez um protesto público em nome da quase totalidade dos atletas que representam o Brasil em olimpíadas: o futebol do País, que ganhou o ouro no sábado (7), não pode ignorar as regras a que está submetido e se projetar acima das demais modalidades esportivas.
Após o título, conquistado com vitória sobre a Espanha, os jogadores da Seleção não vestiram o uniforme oficial da delegação para receber a medalha.
O que estava em jogo ali era uma briga comercial. A empresa chinesa Peak, rival da Nike - que é a patrocinadora master da Seleção -, era a fornecedora do agasalho que deveria ser usado no pódio do futebol, por determinação do Comitê Olímpico Internacional (COI).
Os jogadores descumpriram a regra, argumentando que a ordem partiu da CBF, e amarraram o agasalho na cintura, seguindo para o pódio com a camisa da Nike. O gesto vai levar o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) a tomar algumas medidas, “para preservar os direitos do movimento olímpico, dos demais atletas e dos nossos patrocinadores”, conforme nota divulgada no domingo pela entidade.
Agir assim representa um risco que pode comprometer a trajetória de vários desses atletas que não desfrutam da mesma visibilidade e poder financeiro dos que jogam pela Seleção brasileira de futebol. Aqui, salários milionários brotam com facilidade. Entre os Isaquias, as Rebecas e as Rayssas, a situação é diferente. Esse abismo é mais acentuado ainda quando o foco são os competidores que não conseguem medalhas e não são cortejados por patrocinadores.
O futebol brasileiro, no caso o masculino, é reincidente em ações que vão em direção oposta à essência olímpica. A começar pelo desprezo na hora de receber medalhas que não são de ouro. Foi assim com a prata em 1984,1988 e 2012 e com o bronze, em 1996 e 2008.