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Palmeiras, Botafogo e Cruzeiro no fio da navalha: caminhos opostos levam ao abismo ou apogeu

Equipes optam por trajetórias distintas no mercado da bola para 2025 com a certeza de que apenas um - ou nenhum deles - será o mais aplaudido daqui 12 meses

1 jan 2025 - 10h01
(atualizado às 12h26)
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Duas SAFs e um clube associativo dominam os noticiários do mercado da bola no futebol brasileiro. Enquanto Palmeiras e Cruzeiro investem pesado em contratações para 2025, o Botafogo vê suas principais estrelas deixarem o time após a conquista da Libertadores e do Brasileirão. Apesar de pontos em comum, os três times têm optado por movimentos distintos que, objetivamente, vão resultar em frutos saborosos somente para um deles.

Isso não significa que teremos um "papa títulos" no novo ano. Porém, se tornou comum vermos no futebol brasileiro temporadas nota 8 ganharem selo de fracasso por não terem sido nota 10. Um bom exemplo é o que ocorreu com o Palmeiras em 2024: vice-campeão brasileiro, campeão paulista e eliminado pelos ganhadores da Libertadores e Copa do Brasil nas respectivas competições. Não ganhar um troféu de peso pela primeira vez em cinco temporadas fez eclodir uma caça às bruxas nas redes sociais e nas arquibancadas. O dono do maior número de títulos no clube, Abel Ferreira, foi chamado de "burro".

Ainda sobre o Palmeiras. Em seu novo mandato, a presidente Leila Pereira abriu os cofres para comprar jogadores de um nível além daquele que o clube estava habituado. O clube alviverde faturou mais de R$ 1 bilhão no último ano, vai aumentar sua arrecadação em 2025 com a chegada de novos patrocinadores - que devem render cerca de R$ 200 milhões anuais - e ainda participará do Super Mundial de Clubes, da Fifa, entre junho e julho, em 2025. Todas essas circunstâncias dão solidez ao projeto alviverde.

Houve, nas últimas semanas, discussões sobre fair play financeiro e uma necessidade de brecar a volúpia palmeirense no mercado. No entanto, como já exaurido nos debates, uma medida como essa apenas beneficiaria o clube, que gasta o que tem, diferentemente de adversários que acumulam dívidas, comprar atletas aos montes e não têm como pagar.

Para bater de frente com Porto, Al-Ahly e Inter Miami, de Lionel Messi, o Palmeiras já contratou os atacantes Facundo Torres (R$ 85 milhões) e Paulinho (R$ 115 milhões) - ambos com 24 anos - e ainda busca no mercado volante, ponta, centroavante e zagueiro. Andreas Pereira, do Fulham, é um dos nomes pelos quais o time já fez uma oferta, com valores entre 20 e 22 milhões de euros (cerca de R$ 140 milhões), e o paraguaio Mathías Villasanti, do Grêmio, é uma segunda opção para o setor do meio-campo.

Apesar de se tratar de jogadores mais renomados, esses atletas ainda são jovens e vivem o auge de suas carreiras. O Palmeiras faz uma aposta na solução e não mais na construção dos jogadores na Academia de Futebol. Contar com jogadores "prontos" era uma ambição exposta por Abel Ferreira desde o início de 2024.

O Cruzeiro está contratando uma série de jogadores com vasto currículo de títulos e idolatria. Até aí, há um cenário semelhante ao do Palmeiras, no entanto, o time celeste está apostando fortemente em atletas com perto ou mais de 30 anos, cujo apogeu já passou. Gabigol (28), Dudu (32 anos), Bolasie (35) e Cássio (37) têm altos vencimentos. Fagner (35), do Corinthians, pode ser o próximo e o espanhol Sergio Ramos (38) também é cogitado.

Unindo a capacidade de negociação do diretor Alexandre Mattos e o perfil desejado por Fernando Diniz, o Cruzeiro tenta repetir a fórmula do Fluminense de 2023 que resultou no título da Libertadores. No início daquele ano, a idade elevada dos atletas do time das Laranjeiras foi alvo de ironia, mas foi com Marcelo, Ganso, Cano, Felipe Melo e Fábio que os comandados de Diniz ergueram o troféu continental no Maracanã. O estilo do "Dinizismo" combina com atletas habilidosos, experientes e obedientes taticamente.

O Botafogo, por sua vez, perdeu o técnico Artur Jorge para o futebol do Catar e os craques Luiz Henrique e Thiago Almada para o Lyon, um dos clubes do grupo de John Textor (Eagle Football), dono do Botafogo. Os críticos das transferências dos atletas que passam um curto período no time de General Severiano antes de migrar para a Europa estão chamando ironicamente o clube francês de "matriz" e o Botafogo de "filial". A verdade é que operações desse tipo são muito comuns em holdings futebolísticas, mas um legislação mais rígida no Brasil - com o estabelecimento de um fair play financeiro - e global pela Fifa poderiam ajudar a coibir tais práticas.

Há de se lamentar que nem mesmo os grandes títulos e carinho da torcida do Botafogo tenham sido suficientes para gerar a esses nomes uma identificação capaz de segurá-los por mais tempo vestindo a camisa alvinegra. São consequências legítimas do mercado do futebol. Agora, o clube carioca terá de se reforçar e contratar um novo treinador. André Jardine, campeão olímpico com o Brasil e vencedor no América do México, tem negociações para assumir o comando botafoguense. Uma escolha coerente para um time que queira defender seus títulos em 2025.

O futebol é um dos raros esportes em que nem sempre o melhor ou mais poderoso vence. Todos tangenciam o sucesso e o fracasso de tal forma que é uma pretensão demasiada querer prever quem ficará no lugar mais alto. Há motivos de sobra para crer que o Palmeiras com tamanho investimento será favorito em todas as competições das quais participar. Também não será exagero pensar que o Cruzeiro com um elenco recheado de estrelas não vai temer duelar com grandes equipes do futebol nacional e internacional. Da mesma maneira que é possível vislumbrar um Botafogo reconstruído e ainda assim lutando por títulos. Há uma certeza, porém, comum a todas as modalidades: só há espaço para um time ser lembrado como o melhor de 2025. E Palmeiras, Cruzeiro e Botafogo terão ainda outros rivais por este posto.

Estadão
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