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Politização da prisão de Ronaldinho envolve Moro

Ministro brasileiro pede informações, mas diz prezar a soberania do Paraguai; no país, político ligado a empresária cai

11 mar 2020 - 04h40
(atualizado às 11h15)
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A prisão de Ronaldinho Gaúcho e seu irmão ganhou contornos políticos no Paraguai. O ex-chanceler Rubén Melgarejo Lanzoni demitiu-se do cargo de assessor geopolítico e questões internacionais do Ministério do Interior após ser revelado que a empresária Dalia López, apontada como parte do esquema de falsificação de documentos, havia contratado um escritório de advocacia ligado a ele.

Já o presidente da República, Mario Abdo Benítez, garantiu que a investigação seguirá "caia quem cair". Ele chegou a declarar na terça-feira sentir "enorme dor" pela prisão do pentacampeão mundial com a seleção brasileira. "Não posso negar que me provoca enorme dor o que está acontecendo com uma estrela do futebol. Meus filhos querem ir à prisão para tirar fotos com ele", disse em entrevista ao canal Noticias Paraguay.

Tudo isso, depois de o ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil, Sergio Moro, ligar para o Paraguai pedindo explicações sobre a prisão de Ronaldinho Gaúcho, que é embaixador do Turismo do governo Bolsonaro. Ontem à tarde, Moro soltou nota oficial na qual confirma que manteve contato com autoridades paraguaias. "Em nenhum momento, houve interferência na apuração promovida pelo Estado paraguaio. O Ministério da Justiça e Segurança Pública preza pela soberania dos Estados e pela independência dos órgãos judiciários." 

Na terça-feira, inclusive, a ministra da Justiça do Paraguai, Cecilia Pérez, anunciou que Moro visitará o país no próximo dia 27 no "âmbito da cooperação penitenciária" que é realizada com Brasil. A viagem de Moro também foi debatida na terça-feira em reunião entre o presidente do Supremo Tribunal de Justiça do Paraguai, Alberto Martínez Simón, e o embaixador brasileiro, Flávio Damico.

Ainda na terça-feira, a Polícia Nacional prendeu três funcionários públicos no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, na cidade de Luque: dois servidores da Direção Nacional de Aviação Civil (Dinac) e um funcionário da Direção Geral de Migração. O trio estaria envolvido no esquema de falsificação de documentos no qual Ronaldinho e o irmão foram pegos. Na segunda-feira, já havia sido detido um outro servidor do setor de Migração.

Os advogados de Ronaldinho apontaram que o Ministério Público paraguaio trata ele e o irmão com discriminação pelo fato de serem estrangeiros. O MP rebateu. "Tal coisa não existe. O Paraguai é um país legalmente soberano e essa soberania deve ser imposta. Contamos com fatos e argumentos sólidos para apoiar a prisão preventiva. Além disso, existe o perigo de fuga devido à falta de raízes dos réus no Paraguai", disse o promotor Marcelo Pecci.

Após ter o pedido de transferência para prisão domiciliar negado na terça-feira, os advogados de Ronaldinho Gaúcho trabalham para recorrer à Segunda Instância. A defesa alega que o ex-jogador não sabia que o passaporte que deram a ele havia sido adulterado. Ronaldinho e o irmão estão detidos desde sexta-feira em um presídio de segurança máxima na capital paraguaia.

A Justiça determinou que eles precisavam permanecer presos durante a investigação. O inquérito pode durar até seis meses para ser concluído, de acordo com as leis paraguaias.

Veja mais:

 

Ronaldinho Gaúcho e irmão chegam algemados para audiência no Paraguai:
Ronaldinho e Assis, algemados, na Suprema Corte do Paraguai
07/03/2020
REUTERS/Jorge Adorno
Ronaldinho e Assis, algemados, na Suprema Corte do Paraguai 07/03/2020 REUTERS/Jorge Adorno
Foto: Reuters
Estadão
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