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Protestos também sacodem o futebol na Venezuela

28 fev 2014 - 22h26
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Os protestos que há duas semanas se repetem na Venezuela também sacudiram o campeonato de futebol profissional do país, com disputas entre a Federação Venezuelana de Futebol (FVF) e o sindicato de jogadores, derrotas e sanções de equipes, elencos afetados e treinadores demitidos.

O torneio volta neste fim de semana após a anômala sétima rodada na qual o pedido da Associação Única de Jogadores Profissionais da Venezuela (AUFPV) para não jogar temendo pela "segurança" dos jogadores provocou a disputa de partidas com juvenis e fez com que dois jogos não fossem realizados por distintas razões.

A sétima rodada do Torneio Clausura aconteceu com 95% de jogadores juvenis, segundo informou à Agência Efe uma fonte da AUFPV, grêmio que decidiu nesta semana suspender a decisão de não jogar e aceitou disputar a oitava rodada, o que gerou a rejeição de vários jogadores da primeira divisão.

O clube Atlético Venezuela decidiu esta semana rescindir o contrato de 18 jogadores por sua postura de acatar a abordagem da AUFPV na rodada anterior.

No entanto, a decisão dos jogadores de desligar-se do grêmio de jogadores por desavenças com essa associação levou a direção a dar marcha à ré.

O gerente geral do conjunto, Manuel de Oliveira, disse ao jornal "Líder" que as rescisões "estavam feitas, assinadas, recebidas e consignadas", mas um desacordo entre seus jogadores e a AUFPV "gerou um ponto de encontro" para manter os jogadores.

Os que acabaram sendo afastados de seus cargos foram os treinadores do Aragua e do Yaracuyanos, o argentino Raúl Cavalleri e Gustavo Romanello respectivamente.

Cavalleri apoiou o grêmio de jogadores e não dirigiu o Aragua na rodada anterior, pôs seu cargo à disposição e a direção aceitou rescindir seu contrato e nomear Modesto González como novo treinador, segundo informou à Efe o gerente esportivo do time, Miguel Mora.

Diferenças entre a direção do Aragua e seus jogadores deixaram a equipe na mesma situação que o Atlético Venezuela, com três jogadores afastados do elenco.

"Alexander Rondón, Rohel Briceño e Jorge Rojas estiveram ausentes nos últimos treinamentos, mas a situação foi resolvida e já foram integrados normalmente à equipe", declarou Mora.

Por sua parte Romanello, quem também não entrou em campo na sétima rodada, foi substituído por Manuel Contreras no Yaracuyanos, segundo informou o clube em comunicado.

Já o Deportivo Táchira perdeu por W.O para o Atlético El Vígia por não comparecer à partida na semana passada, abrindo mão assim da invencibilidade no campeonato.

O time chegou a reunir um elenco de jogadores juvenis para viajar a El Vígia, mas não conseguiu sair do estado de Táchira, no oeste da Venezuela, onde aconteceram intensos protestos.

O próximo jogo dos tachirenses perante o Deportivo Anzoátegui, válido pela oitava rodada, foi suspenso pela Comissão de Torneios Nacionais da FVF, que decidiu adiá-lo para uma nova data não especificada.

O outro duelo que não foi disputado na semana passada foi entre Carabobo e Estudiantes, que foi suspenso devido a um protesto pacífico dentro e fora do estádio Misael Delgado da cidade de Valencia.

A FVF não tomou medidas ainda sobre a resolução desse jogo e esclareceu em comunicado que "a súmula arbitral não chegou" ao conselho de honra do ente esportivo para determinar as sanções pertinentes.

A FVF, a AUFPV e o Ministério do Esporte venezuelano se reuniram no último dia 25 de fevereiro e decidiram "não suspender nenhuma rodada do torneio", situação que foi considerada por muitos jogadores como uma "brincadeira" por parte dos diretores do grêmio de jogadores.

"Nós não traímos nem brincamos com nenhum jogador, como escutei em algum meio, nosso objetivo é o de respaldá-los, estejam ou não estejam aderidos à associação", comentou à Efe o secretário-geral da AUFPV, Timshell Tabárez.

Tabárez assegurou que tem notícias de multas e falta de pagamento de salários a jogadores que se ausentaram na semana passada, algo que considerou "muito grave".

A Venezuela se encontra imersa em uma onda de protestos contra o governo desde o último dia 12 de fevereiro, com um saldo de 17 mortos e 261 feridos, segundo números confirmados pela procuradoria venezuelana.

EFE   
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