Que clássico o quê! Chile é um grande freguês do Brasil
É lenda dizer que o confronto entre os dois no futebol é algo tão marcante
Criou-se nos últimos anos o hábito de se dizer que os jogos do Brasil com o Chile representam uma grande rivalidade por se tratar de um clássico sul-americano. Isso foge à realidade. Confrontos desse naipe no continente envolvendo a Seleção Brasileira são apenas dois – contra Argentina a Uruguai.
Não foi por acaso que o Brasil venceu de novo o Chile, na quinta-feira (2), pelas eliminatórias do Mundial de 2022 – 1 a 0 em Santiago. Foi a 52ª vitória da equipe sobre os vizinhos, em 74 partidas – o Chile só ganhou oito vezes e houve 14 empates.
Essa supremacia, em termos porcentuais, é equivalente à que o Brasil tem contra Bolívia e Peru. Somente Equador e Venezuela, na América do Sul, ficam mais à margem quando se apresentam os retrospectos de seus jogos com a Seleção hoje comandada por Tite.
Brasil e Chile ganhou importância no Mundial de 1962, quando se enfrentaram pela fase semifinal, com vitória do time de Pelé e Garrincha por 4 a 2. Recentemente, em 2014, na Copa realizada em casa, a Seleção brasileira empatou com o adversário (1 a 1), pelas oitavas de final e depois se classificou nos pênaltis.
A dimensão a esse jogo tem mais a ver com a disputa de uma partida válida pelas eliminatórias do Mundial de 1990, na qual o goleiro chileno Roberto Rojas simulou ter se ferido com um sinalizador lançado em campo por uma torcedora, da geral do Maracanã.
O artefato caiu atrás de Rojas, no momento em que o Brasil vencia por 1 a 0 e se garantia no Mundial. Ele então começou a se contorcer no gramado e apareceu com a camisa manchada de sangue. Em seguida, saiu de campo junto com os demais colegas e o Chile se recusou a continuar o jogo.
O árbitro argentino Juan Carlos Lostau deu então a partida por encerrada e houve o temor na CBF que a Seleção fosse punida pelo incidente e ficasse fora do Mundial.
Uma foto do Globo no dia seguinte desmascarou a farsa, mostrando que o sinalizador havia caído a certa distância de Rojas, sem atingi-lo. Anos mais tarde, o goleiro contou que levara para o campo uma lâmina e que ele próprio se cortara, o que levou a Fifa a bani-lo do futebol – medida revista em 2001.