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Quem é Azzedine Ounahi, o 'camisa 8' do Marrocos que encantou Luis Enrique e o Barcelona?

Atualmente no Angers, da França, o meio-campista marroquino é um dos destaques da histórica campanha que a seleção africana faz na Copa do Mundo

14 dez 2022 - 10h10
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Pouco depois de ser eliminado da Copa do Mundo para o Marrocos, o então técnico da seleção espanhola, Luis Enrique, revelou que estava "agradavelmente surpreendido com o número 8? da seleção africana. Sem disfarçar, o treinador até chegou a se desculpar por não saber o nome do jogador esguio, de 1,82m, que saiu de campo como um dos melhores da partida que culminou na queda da Espanha nas oitavas do Mundial.

"Fiquei agradavelmente surpreendido com o número 8. Não consigo me lembrar qual é o nome, desculpem. Mas, meu Deus, de onde é que saiu aquele rapaz? Ele joga muito bem", disse o hoje ex-treinador da Espanha, que teve o vínculo com o comanda da Roja encerrado após a desclassificação da Copa.

O jogador que fez Luis Enrique ficar admirado, mas cujo nome fugiu da memória do espanhol, é Azzedine Ounahi, de 22 anos, meio-campista alto e habilidoso que defende o modesto Angers, lanterna do Campeonato Francês. Na seleção do Marrocos, ele atua pelo lado direito da linha central, formada por um trio que se completa com Sofyan Amrabat e Selim Amallah.

A excelente atuação contra a Espanha provou que Ounahi tem futebol que merece ser aproveitado para além da briga contra o rebaixamento da liga francesa. O jovem possui qualidades ofensivas e defensivas que também puderam ser vistas no jogo contra Portugal no último sábado, 9, quando Marrocos venceu por 1 a 0 e se tornou a primeira nação africana a chegar a uma semifinal de Copa do Mundo na história.

Agora, a equipe treinada por Walid Regragui, que já havia medido forças na fase de grupos contra a segunda e a terceira colocadas do último Mundial (Croácia e Bélgica), enfrenta a seleção francesa, atual campeã do Mundo. A partida que vale vaga para a final da Copa do Catar será disputada nesta quarta-feira, às 16h (horário de Brasília), no Estádio Al Bayt, em Al Khor.

Em campo

Os pontos fortes do meio-campista são os passes precisos, os dribles nos espaços curtos e a boa condução de bola, feita bem próxima dos pés. São eles, aliás, os responsáveis por fazer Azzedine Ounahi acertar 80% dos passes que realiza a cada partida na Copa e por ajudá-lo a ostentar uma média de 86% de eficácia nos dribles que arrisca por jogo no Mundial, segundo dados do Sofascore.

Na prorrogação contra os espanhóis, o camisa 8 usou dessas habilidades para deixar Cheddira na cara do gol, com uma asssistência precisa e de muita categoria. O atacante marroquino, porém, desperdiçou a chance e chutou nas mãos do goleiro Unai Simón.

Para atacar, o Azzedine Ounahi mostra ter calma, técnica e elegância para reter a bola, atrair jogadores adversários e produzir espaços para os companheiros poderem receber o passe em liberdade.

Nos contra-ataques, ele compensa a falta de explosão — comum em pontas e laterais —, com passadas largas e aproximação para se tornar opção para tabelas. É raro uma jogada não passar pelos pés de Ounahi, o segundo marroquino que mais vezes tocou na bola contra a Espanha (60 vezes), atrás apenas de Hakimi (73).

Além de participativo, é um dos que mais se sacrifica pela equipe, ajudando o ataque na construção de jogadas, e voltando para fortalecer o sólido sistema defensivo do Marrocos, vazado somente uma única vez no torneio.

Na defesa, Ounahi tem demonstrado ser combativo e obediente taticamente ao longo do Mundial. Contra a Espanha, foi o terceiro jogador que mais interceptou passes na partida (nove vezes) e o segundo que mais desarmou (três) no jogo. Para uma seleção que adota, predominantemente, a estratégia de se defender e sair nos contra-ataques, ele tem sido peça fundamental no sucesso da equipe de Regragui.

História

Nascido em abril de 2000, na cidade de Casablanca, Azzedine Ounahi é um produto bem acabado da Academia de Futebol Mohammed VI, um centro marroquino especializado na formação e profissionalização de atletas, que funciona na cidade de Salé, desde 2009.

Outros três jogadores que estão no Catar com a seleção africana também são crias do centro: Youssef En-Nesiry, autor do gol que deu a vitória ao Marrocos sobre Portugal; o zagueiro Nayef Aguerd, do West Ham, titular da equipe — foi desfalque por lesão contra os portugueses —; e o goleiro reserva Reda Tagnaouti.

O jovem Ounahi deixou a academia na temporada 2017/2018 e deu início à sua carreira na Europa, no Strasbourg, da França. Sem nem entrar em campo, ele se transferiu para o Avranches, da terceira divisão do futebol francês na temporada 2019/2020.

Logo na segunda partida como titular, Ounahi marcou o seu primeiro gol como jogador profissional. Foram cinco ao todo na sua primeira temporada na França, em 28 jogos disputados, sendo 22 começando entre os titulares.

Em julho de 2021, o meio-campista assinou com o Angers, da primeira divisão francesa. Na sua estreia, em setembro do ano passado, ele saiu do banco e fez um dos gols da vitória do time sobre o Lyon por 3 a 0, no Campeonato Francês. Foram dois gols e duas assistências em 33 partidas na última temporada.

Na atual, com apenas metade dela disputada, o meio-campista já participou de 14 jogos, começando apenas um no banco de reservas. Porém, amissão está longe de ser a briga por títulos, mas a de evitar o rebaixamento. O Angers é atualmente o último na classificação do Campeonato Francês, com apenas 8 pontos conquistados em 15 jogos.

Apesar de não ter balançado as redes, outros números dão conta de mostrar sua importância para a equipe: é o jogador que mais chutou para gol (23 vezes) e o é segundo de toda a competição que mais driblou (37 dribles), atrás apenas de Messi, do PSG, que aplicou 10 dribles a mais.

O presidente do Angers, Said Chabane, já declarou em entrevista para uma rádio francesa sobre a dificuldade de manter o jogador, que tem contrato com o clube até 2026, após a Copa. "Estamos preparados para tudo, tivemos uma reunião esta tarde com o treinador e o coordenador desportivo para tentarmos considerar todos os cenários possíveis e não acabarmos em maus lençóis", disse o dirigente.

Nesta segunda, 12, o jornal catalão Mundo Deportivo trouxe a informação que o Barcelona vê com bons olhos a contratação de Azzedine Ounahi, que é um jogador barato, que cabe na realidade financeira do clube e que apresenta boa capacidade de rendimento no futuro. Se a transação se confirmar será a chance da jovem promessa marroquina vestir a camisa do seu ídolo, Andres Iniesta.

Além de Ounahi, o também marroquino Soufian Boufal, outro que vem se destacando na Copa, é jogando do Angers e pode ser alvo de propostas na janela de transferência de inverno depois da Copa do Mundo.

Seleção do Marrocos

A rápida ascensão vivida por Ounahi, de sair de uma academia de formação no Marrocos e assumir a titularidade de um clube de primeira divisão na França, o levou para a seleção do seu país no começo deste ano, para a disputa da Copa Africana de Nações.

O seu melhor momento na seleção antes da Copa do Mundo foi justamente no jogo que valeu a vaga para o Mundial: vitória por 4 a 1 sobre a República Democrática do Congo; um confronto em que ambas as seleções disputavam a vaga para o torneio.

Com dois gols e uma assistência, Azzedine Ounahi foi o destaque da goleada, que o tempo fez questão de mostrar que seria apenas mais um jogo, mas o primeiro capítulo de uma campanha histórica para o futebol marroquino, cujo fim ainda não chegou.

Estadão
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