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Rafael Ramos é absolvido no STJD por suposta injúria racial contra Edenilson

Decisão da absolvição da denúncia feita sobre o lateral-direito do Corinthians é unânime; ainda cabe recurso ao Pleno

13 set 2022 - 15h35
(atualizado às 15h55)
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O Corinthians pode ser punido pelo caso de racismo de Rafael Ramos?
O Corinthians pode ser punido pelo caso de racismo de Rafael Ramos?
Foto: Pablo Nunes / Gazeta Press

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) absolveu o lateral-direito Rafael Ramos, do Corinthians, da denúncia de injúria racial contra Edenilson, do Internacional. Em decisão por unanimidade nesta terça-feira, os auditores da Segunda Comissão Disciplinar entenderam que o processo não apresenta elementos probatórios suficientes para a condenação do atleta português. Ainda cabe recurso ao Pleno.

Em sessão híbrida, Rafael Ramos se manifestou por chamada de vídeo e voltou a negar que teria chamado Edenilson de macaco no duelo entre Corinthians e Internacional, realizado no último dia 14 de maio, como alega o meio-campista colorado. A Procuradoria sustentou que uma perícia labial contratada pelo STJD demonstra "indícios fortes com ofensas de cunho racial praticada pelo atleta Rafael Ramos e direcionada ao atleta Edenilson".

"Houve aquela disputa dentro de campo. Um lance normal, disputa entre os dois jogadores, com insultos entre as duas partes", começou Ramos. o jogo continuou até que o Edenilson se dirigiu ao árbitro dizendo que tinha sofrido um insulto racista. Foi um lance muito rápido e não sei o que ele pode ter entendido... Após o jogo me dirigi ao vestiário do Internacional e falei com ele que deve ter entendido errado, que eu nunca o chamei de macaco e que não faz parte do meu vocabulário usar essa palavra como ofensa", concluiu.

Rafael Ramos nega as acusações de racismo contra Edenílson
Rafael Ramos nega as acusações de racismo contra Edenílson
Foto: Rodrigo Coca/ Ag. Corinthians
 

A defesa de Ramos, feita pelo advogado Daniel Bialski, também apresentou depoimentos de outros funcionários do Corinthians, como o gerente de futebol Alessandro Nunes e o zagueiro Robson Bambu, além de ter apresentado análises de leitura labial feitas pelos peritos Anderson Santana e Fernando Pinho.

Representante da Procuradoria, Rafael Mocarzel rechaçou a argumentação da defesa de que a palavra macaco não é utilizada como termo racista em Portugal e apontou "divergências na defesa do Corinthians em fonemas e, apesar de se assemelhar, não possui elementos robustos para afastar o que o Edenilson falou e que foi concluído pelo perito". Advogado do Inter, Rogério Pastl seguiu a mesma linha de pensamento. No fim das contas, a decisão pendeu para os argumentos de Bialski, que defendeu não haver nenhuma prova absoluta que permitisse algum tipo de reprimenda ao lateral português.

"O que mais me chamou a atenção foram quatro trabalhos e quatro conclusões. Ainda temos o relatório do inquérito policial do Rio Grande do Sul afirma que o vídeo foi encaminhado para análise de leitura labial e o laudo restou inconclusivo. Foram cinco trabalhos ao final…", afirmou o relator do processo, o auditor Carlos Eduardo Cardoso. "Diante de tantas dúvidas, a Procuradoria conseguiu provar além da dúvida razoável para que eu possa julgar e condenar o denunciado? Não, a acusação não conseguiu provar além da dúvida razoável", completou.

Além do julgamento no STJD, Rafael Ramos virou réu pelo caso de racismo, há duas semanas, após a denúncia ser acolhida 14ª Vara Criminal e Juizado do Torcedor e Grandes Eventos do Foro Central da Comarca de Porto Alegre. O juiz apontou na peça que a recepção da denúncia se dá diante das negativas nas buscas por um acordo. Essa fase do processo, porém, não estabelece culpados, apenas dá prosseguimento às investigações, juntadas de provas e oitiva de testemunhas.

Após a decisão, o Corinthians divulgou uma nota informando a decisão. "O Corinthians reforça o seu compromisso na luta contra o racismo. Desde o início, o clube deu todo o suporte necessário a Ramos e, agora, deseja uma sequência plena nas carreiras desportivas de ambos os atletas", diz o clube na conclusão do texto.

RELEMBRE O CASO

A acusação de injúria racial o ocorreu durante o empate em 1 a 1 entre Inter e Corinthians, no dia 14 de maio, pela nona rodada do Brasileirão. A partida ficou parada aos 30 minutos do segundo tempo após Edenilson reclamar que teria sido chamado de "macaco" por Rafael Ramos. O jogador português negou a acusação de racismo e acabou sendo substituído para a entrada de Gustavo Mosquito.

Rafael Ramos chegou a ser preso em flagrante e foi autuado por injúria racial e detido no posto policial do estádio Beira-Rio, mas foi solto após pagamento de fiança. Ao ser liberado, ele alegou apenas ter sido um "mal entendido" e revelou ter conversado com Edenílson. Segundo o lateral, o volante do Inter teria entendido errado a palavra que ele falou. Quando Edenilson se manifestou, contudo, foi para confirmar sua versão do fato e para dizer que a denúncia estava mantida. A partir daí, a situação escalou nos tribunais.

Estadão
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