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Rogério Caboclo protocola pedido para recolocar Nunes

Presidente afastado afirma que Marco Polo Del Nero articulou para que Ednaldo Rodrigues Gomes assumisse o poder

3 nov 2021 - 23h27
(atualizado em 4/11/2021 às 07h38)
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Rogério Caboclo
REUTERS/Jorge Adorno
Rogério Caboclo REUTERS/Jorge Adorno
Foto: Reuters

Presidente afastado da Confederação Brasileira de Futebol, Rogério Caboclo continua se movimentando nos bastidores para continuar a dirigir a entidade que organiza o futebol brasileiro. O ex-dirigente protocolou, nesta quarta-feira, um documento onde nomeia Antônio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes, como seu sucessor ao cargo enquanto não exerce suas funções. Os dois assinam o registro. O atual comando da entidade não se posicionou sobre o assunto.

Caboclo foi retirado de suas funções na CBF após uma série de denúncias sobre abuso moral e sexual envolvendo uma funcionária. Ele foi afastado no dia 29 de setembro por uma assembleia geral extraordinária da organização, que decidiu que a entidade deveria então ser comandada por Ednaldo Rodrigues Gomes. Caboclo e Nunes afirmam que tal decisão é ilegal e vai contra o estatuto.

Segundo o documento protocolado conjuntamente pelos dirigentes, Nunes deverá comandar a entidade máxima do futebol brasileiro de forma interina e sua nomeação deve ser feita diretamente por Caboclo, mesmo afastado de seu cargo, conforme especifica o artigo 61. Rogério Caboclo foi eleito em 2018 para um mandato válido de 2019 a 2023.

A petição foi protocolada nesta quarta na própria CBF. Além do artigo 61, que diz que é Caboclo quem tem de indicar seu sucessor provisório, também consta no documento os artigos 48, 69-inciso V e 72. Os itens dizem que "a presidência da CBF deve ser exercida por aquele, dentre os vice-presidentes, que for indicado pelo Presidente ausente, licenciado ou impedido". A regra é válida e diz que a decisão deverá ser cumprida sendo quaisquer que sejam os motivos que tiraram Caboclo do poder.

"O outorgado, Antonio Carlos Nunes de Lima, se compromete a assumir o cargo a ele designado de maneira irretratável e irrevogável", assinam os dois políticos. Eles argumentam ainda que não há a possibilidade de qualquer outra nomeação deste tipo na CBF que não seja a defendida por eles. O Estadão teve acesso ao documento.

Antônio Carlos Nunes em 82 anos e já presidiu a CBF três vezes, todas de forma interina: de 8 de janeiro de 2016 a 7 abril de 2016; de 15 de dezembro de 2017 a 9 de abril de 2019 e a mais recente de 6 de junho de 2021 a 25 de agosto de 2021. Esta será então a 4ª vez que ele se senta na cadeira mais importante da organização que cuida do futebol brasileiro.

Conflito

Rogério Caboclo e Coronel Nunes aproveitaram o documento para inviabilizar a decisão que então teria partido de uma articulação de Marco Polo Del Nero, ex-presidente da entidade. Ele foi afastado do futebol por 20 anos e não pode participar ou tomar qualquer decisão administrativa em nenhum nível na modalidade. Porém, ao que apontam os dois dirigentes, o mesmo continua articulando e exercendo influência sobre outros dirigentes.

Segundo eles, o Conselho de Administração da entidade escolheu o vice-presidente Ednaldo Rodrigues Gomes de forma ilegal. De acordo com o documento, a escolha pelo atual presidente em exercício da CBF aconteceu na própria casa de Del Nero, com outros representantes da entidade presentes.

"A referida escolha ocorreu em reunião na casa do Sr. Marco Polo Del Nero, banido de atividades relacionadas ao futebol, às vésperas da tomada do cargo de maneira ilegal por Vossa Senhoria (Ednaldo Rodrigues), sendo que tal reunião foi convocada de forma ilegítima, intempestiva e para local onde jamais poderia ocorrer e produzir efeitos jurídicos. Portanto, não passou de um encontro secreto e espúrio que supostamente elegeu aquele que assumiria a presidência interina da CBF", diz o documento em determinado trecho.

Ou seja, além de o Conselho não ter autoridade para designar Ednaldo Rodrigues Gomes como presidente, o mesmo ocorreu de forma ilegal já que contou com a participação e a influência de Marco Polo Del Nero.

Estadão
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