São Paulo renuncia à vice-presidência do Clube dos 13
Por meio de uma carta enviada ao presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, o São Paulo renunciou formalmente nesta segunda-feira à vice-presidência da entidade.
Eleito para o cargo em abril de 2010, o São Paulo renunciou ao cargo motivado principalmente pela confusa disputa pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro de 2012 a 2014.
"Não podemos fechar os olhos à realidade de que, atualmente, há manifesto dissenso entre o que foi idealizado em abril de 2010 (data da última eleição da entidade) e a atual vontade dos associados. Por isso, acreditamos que, neste momento, nossa maior contribuição à história dessa entidade é deixar que os associados tenham a possibilidade de definir livremente o que desejam doravante", afirma o São Paulo na nota oficial.
Na última eleição do Clube dos 13, realizada em abril de 2010, o São Paulo apoiou e participou da chapa de Fábio Koff contra Kléber Leite, que contava com o apoio do presidente da CBF, Ricardo Teixeira.
"Honrado com a oportunidade e com a certeza de que o compromisso para o qual fomos eleitos já foi devidamente atingido, o São Paulo Futebol Clube comunica oficialmente sua renúncia ao cargo de Vice-presidente desta entidade, informando que continuará colaborando integralmente com a valorização do futebol brasileiro, agora apenas na condição de associado", informa o clube do Morumbi.
Entenda o caso
Em 2010, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) entrou em acordo com o Clube dos 13 e proibiu que a Rede Globo, atual detentora, tivesse privilégio de cobrir a maior oferta pelos direitos do Brasileiro. Para cumprir o pedido, a entidade dos clubes criou uma série de regras para a licitação dos Brasileiros do triênio 2012-14, mas alguns times ficaram temerosos em perder a parceria com a emissora de maior audiência do Brasil.
O Corinthians, de Andrés Sanchez, foi o primeiro a reclamar do processo e anunciou que iria negociar de forma separada, além de requisitar a saída do Clube dos 13. Flamengo, Fluminense, Botafogo, Vasco, Grêmio, Coritiba, Santos e Cruzeiro deixaram a concorrência em seguida.
Insatisfeita também com o processo, a Rede Globo optou por deixar a licitação e negociar com os times de forma separada. A Record, principal concorrente da emissora carioca na disputa, também deixou a concorrência no dia da licitação.
A desistência da TV paulista foi anunciada em nota oficial emitida momentos antes do anúncio do vencedor da licitação. No documento, a emissora alegou que a concorrência dividiu a entidade e que alguns clubes "indicam que têm acordos pré-acertados com outra emissora".
Assim, avisou que "não aceita participar de um jogo com cartas marcadas". Com isso, a RedeTV! tornou-se a única emissora que restou no processo, realizado em 11 de março, e foi a vencedora com uma oferta de R$ 516 milhões por ano, totalizando R$ 1,548 bi por três anos.
O triunfo da RedeTV! não significou a derrota da Rede Globo, que passou a negociar diretamente com os clubes. Desde então, 16 agremiações acertaram com a emissora do Rio: Atlético-PR, Bahia, Corinthians, Coritiba, Cruzeiro, Goiás, Grêmio, Vasco, Vitória, Santos, Sport, Palmeiras, Flamengo, Botafogo, Fluminense e Internacional.
Os seguidos acertos com a Rede Globo motivaram o adiamento por parte do Clubes dos 13 da abertura dos envelopes com os vencedores das licitações de direitos de transmissão de TV a cabo e pay-per-view, marcados para 23 de março, e internet e celular, que seria realizada no dia seguinte.
No dia 23 de março, a entidade anunciou que assinou oficialmente o contrato com a RedeTV! para o triênio, como tentativa de manter clubes dissidentes no acerto, e acionou o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para que acompanhe o imbróglio.