Seleção Sub-20, desfigurada, apresenta-se para Sul-Americano
Ao todo, técnico Ramon Menezes teve de trocar oito jogadores, não liberados pelos clubes
Depois de um período de quase um ano de treinos, amistosos e observações, em que testou dezenas de jogadores, e a presença sua e de auxiliares em inúmeras partidas, o técnico da Seleção brasileira masculina Sub-20, Ramon Menezes, acabou obrigado a alterar bastante sua lista inicial de convocados para o Sul-Americano, que será realizado de 19 de janeiro a 12 de fevereiro na Colômbia. Ao todo, trocou oito atletas não liberados por seus clubes.
Em entrevista na manhã desta quinta, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, o treinador não quis abordar o tema. Diante da insistência nas perguntas sobre o que teria travado nas negociações com os clubes, chegou a dizer que sua função se limitava a convocar os jogadores. Havia um desconforto visível na fala de Ramon e ele preferiu, então, enaltecer o grupo final dos 23 que representarão o Brasil no campeonato.
“O foco tem que ser os que estão aqui, muitos deles jogadores já com ótimo histórico de seleção brasileira, com potencial. Sabemos que a responsabilidade é grande e tenho certeza que todos aqui sabem da importância de vestir essa camisa”, disse.
Uma das ausências mais sentidas é a de Endrick, do Palmeiras, o novo xodó do futebol nacional. Ele estava na lista inicial, divulgada na primeira quinzena de dezembro. Mas o Palmeiras não quis liberá-lo.
Nas negociações com o coordenador de seleções da CBF, o ex-campeão mundial Branco, prevaleceu a vontade dos clubes em não ajudar a equipe que vai tentar se classificar para o Mundial Sub-20 na Indonésia, em junho. Nas últimas duas edições dessa competição, em 2017 e 2019, o Brasil não esteve presente, pois não ficou entre os quatro melhores do Sul-Americano.
“A dificuldade é sempre a mesma. Como o Sul-Americano não é data-Fifa, os clubes não têm obrigação de liberar os jogadores. A Fifa tem que rever isso”, declarou Branco, que enfatizou a força da equipe, mesmo sem os oito jogadores trocados, e não quis acusar os clubes que criaram problemas de intransigência.
Palmeiras, São Paulo, Santos, Flamengo e Fluminense foram os que não liberaram atletas – além de Endrick, permaneceram nos clubes o zagueiro Beraldo, os meias Matheus França e Victor Hugo, e os atacantes Giovani, Ângelo, Marcos Leonardo e Matheus Martins.