Técnico da Sub-17 usa circo e shopping para unir time rumo ao título
Diego Ribeiro
São Paulo
O técnico Lucho Nizzo tem um estilo tranqüilo e ao mesmo tempo exigente. No comando da Seleção Brasileira Sub-17, campeã sul-americana da categoria na última semana, Lucho soube unir o grupo de garotos no momento mais crítico do time na competição: a semana de folga entre a primeira fase e a final.
Entre o último jogo da primeira fase e a decisão contra a Argentina, o elenco teve uma semana livre no Chile. Neste período, que poderia fazer os garotos perderem o foco no trabalho, Lucho teve de usar da criatividade para afastar o tédio da Seleção. Para isso, chegou a soluções educativas e longe das preferências de muitos adolescentes, como o circo.
"Um dia levamos os meninos ao circo, achei uma idéia interessante. Muitos deles nunca foram em um lugar assim e, como havia um em cartaz, resolvemos visitar", afirmou Lucho Nizzo, ao Terra. "Todos aceitaram bem e gostaram do passeio", garantiu o técnico, que proibiu o uso de computadores nos quartos do hotel, em Iquique.
"Entendemos que não seria uma boa eles usarem muito o computador. Perde a concentração. Mesmo assim, eles tinham direito a alguns minutos por dia no hall do hotel, para entrar em contato com a família", explicou Lucho. "Além disso, tínhamos outras formas de distração. Fomos ao shopping, os meninos puderam comprar uma lembrança, comer um lanche. Então foi tudo numa boa, saudável, e eles aproveitaram bem", completou.
O técnico também levou o elenco à igreja, mas faz questão de ressaltar que não foi uma solicitação dele. "Dois padres brasileiros foram nos visitar nos treinamentos, e nos convidaram para assistir à uma missa deles. Nós aceitamos e comparecemos à capela, próxima ao campo onde treinamos. Foi interessante, mas não fomos lá para rezar ou pedir uma vitória da Seleção".
Para quem pensa que os garotos, entre 15 e 17 anos, sentiram falta da tecnologia, Lucho faz questão de rebater. "Esses meninos estão muito maduros, podemos esperar uma geração diferente, pelo menos no que diz respeito à cabeça dos jogadores. Eles estão sendo formados e têm grandes chances de vencer na carreira se continuarem assim", concluiu o técnico campeão sul-americano.
Ausência de Neymar é lamentada
O técnico Lucho Nizzo é grande defensor das seleções de base e não gosta de ver jogadores "queimando etapas" de formação no futebol brasileiro. Por isso, ele lamentou a ausência da principal estrela da geração no Sul-Americano Sub-17: o atacante Neymar, do Santos.
"Nós brigamos para ter o menino no grupo, mas o Santos entendeu que ele já estava pronto para os profissionais. Achamos que seria importante pra ele essa formação, esse período em uma Seleção. Porém, o clube preferiu ter o jogador nas fases decisivas do campeonato estadual e eu respeito isso", destacou Lucho.
"Se ele tivesse integrado a Seleção, voltaria muito mais pronto para brilhar no Santos e escaparia da exposição e das críticas que eventualmente recebe", finalizou.