Ignoradas no Brasil, normativas da Fifa podem atrapalhar a Seleção
Mandatária do futsal desde 1989, a Fifa tem se esforçado nos últimos anos para tornar o esporte mais atrativo para o público e popularizá-lo. Embora as regras sejam estabelecidas para que a prática seja igual no mundo todo, algumas normativas adotadas pela entidade dificultam essa homogeneização, pois não são seguidas em todos os países, como no Brasil.
Instrutor de futsal da Fifa, o técnico Paulo César de Oliveira preocupa-se com a atuação da Seleção no Mundial deste ano, que tem início nesta quinta-feira na Tailândia, devido a essas diferenças técnicas dentro de quadra.
"O Brasil é o único país do mundo que não segue as normativas da Fifa de arbitragem. Nós tivemos agora uma final de Liga com um resultado de 1 a 0, você procura os resultados em outros países e tem no mínimo 10, 15 gols por partida", avaliou.
Em 2008, quando PC de Oliveira era o técnico da Seleção que levantou a taça da Copa do Mundo disputada em casa, a maior parte dos atletas da equipe nacional jogava em clubes estrangeiros. Com o fortalecimento da Liga Futsal e das equipes brasileiras, hoje os principais atletas jogam no Brasil e terão que se adaptar a essas diferenças em meio à disputa da competição.
Algumas das normativas ignoradas nacionalmente dizem respeito à cobrança de faltas, escanteios e à paralisação do jogo em caso de carrinhos. Com o intuito de tornar o jogo mais dinâmico e possibilitar o maior número de gols possível, a Fifa estabeleceu alguns critérios especiais.
No Brasil, o jogo é paralisado quando acontece qualquer tipo de carrinho. Pela normativa da Fifa, o direcionamento é igual o do futebol, em que apenas entradas pela frente e por trás são punidas. Em relação às faltas na quadra de ataque, a Fifa aconselha que a cobrança seja feita instantaneamente após a infração, enquanto no Brasil o jogo é paralisado, o árbitro conta os passos e há a formação da barreira.
"A entidade não quer que o infrator se beneficie e nós aqui não utilizamos essas normativas que vêm sendo colocadas em prática para melhorar o jogo. As regras são as mesmas, mas as normativas para alguns pontos da regra mudam. A Fifa está acelerando o jogo, para deixar mais rápido e sair mais gols", declarou PC.
O treinador é a favor da adoção das normativas por todas as confederações, visando à prática de um jogo mais atrativo, que possibilite o aumento de praticantes em todo o mundo, um dos aspectos fundamentais para que o esporte possa entrar na lista de modalidades disputadas nos Jogos Olímpicos.
A Copa do Mundo da Tailândia é sétima sob o comando da Fifa, que ignora as outras três organizadas pela Fifusa, em 1982, 1985 e 1988. A entidade máxima do futebol e do futsal proibiu, inclusive, que a Seleção Brasileira utilize seis estrelas na camisa, já que dois deles foram conquistados em mundiais "não oficiais".
Gazeta Esportiva
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