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Ginástica

Acidente de Laís faz 1 ano: relembre e veja situação atual

27 jan 2015 - 17h02
(atualizado em 28/1/2015 às 00h05)
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Foi no dia 27 de janeiro de 2014 que a vida de uma conhecida atleta brasileira mudou. Há exatamente um ano, a ex-ginasta Laís Souza sofreu gravíssimo acidente enquanto se preparava para participar da prova de esqui aéreo nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, em Sochi. A brasileira se chocou contra uma árvore em Salt Lake City, nos EUA, e teve séria lesão na terceira vértebra (C3) da coluna cervical – que comprometeu as suas funções motora, sensitiva e autonômica. A atleta perdeu movimentos, sensibilidade e controle de todos os órgãos abaixo do pescoço. Para ajudar a entender o que ocorreu neste ano, o Terra faz, abaixo, uma retrospectiva dos 365 dias desde o acidente que transformou a vida de Laís Souza.

Um ano do acidente de Laís Souza Um ano do acidente de Laís Souza

Antes do acidente

Laís Souza começou a praticar esqui aéreo em 2013, aos 25 anos, após receber convite da Confederação Brasileiro de Desportes na Neve (CBDN). Antes disto, em 2004 e 2008, ela havia participado das Olimpíadas de Atenas (2004) e de Pequim (2008) como ginasta – era especialista na prova de salto. Na última edição dos Jogos de Verão, em Londres-2012, foi cortada por uma fratura na mão direita.

A brasileira, então, estava apostando em uma mudança drástica na carreira. O objetivo era disputar os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, em Sochi, na prova de esqui aéreo. Laís aguardava a confirmação da classificação à competição pela Federação Internacional e decidiu fazer a preparação em Salt Lake City, nos EUA.

Foto: Vladimir Rys / Getty Images

O acidente

Foi em 27 de janeiro de 2014 que a vida de Laís Souza mudou. Durante uma atividade nos EUA, a brasileira – que se preparava ao lado da também ex-ginasta Josi Santos – se chocou contra uma árvore fora dos treinamentos específicos de esqui aéreo e sofreu gravíssima lesão – ela não realizava acrobacias costumeiras da modalidade. Laís foi socorrida instantaneamente por Josi e pelo treinador Ryan Snow, que a acompanhavam.

A atleta foi, então, levada a um hospital, onde tomou conhecimento do seu caso: grave e bastante sério. Ela havia lesionado a terceira vértebra (C3) da coluna cervical – que, além de se quebrar, sofreu deslocamento e comprimiu as outras abaixo. Houve uma lesão medular completa - que comprometeu as funções motora, sensitiva e autonômica de Laís. A atleta perdeu movimentos, sensibilidade e controle de todos os órgãos abaixo do pescoço.

<p>Delegação brasileira fez homenagem a Laís Souza</p>
Delegação brasileira fez homenagem a Laís Souza
Foto: Facebook / Reprodução

Temor pós-Schumacher

Dias depois do acidente de Laís, uma das melhores amigas da ex-ginasta, a saltadora Maurren Maggi, revelou que a brasileira tinha o temor de se acidentar ao esquiar, assim como aconteceu com o piloto alemão Michael Schumacher em dezembro de 2013.

"Ela não demonstrava, mas tinha esse medo. Ela possuía esse temor dentro dela pelo que aconteceu com um campeão de Fórmula 1. Porém, tentava não deixar passar. E também era o que eu queria ouvir", contou Maurren, em entrevista ao SporTV.

Josi sorri ao lado de Laís em dia de acidente nos EUA
Josi sorri ao lado de Laís em dia de acidente nos EUA
Foto: Reprodução

Fala, transferência e fisioterapia

Em março do ano passado, Laís Souza apresentou grande evolução de seu quadro clínico. Primeiro, conseguiu falar com Josi Santos. “Claro” e “força” foram os primeiros termos ditos. Depois, deixou a unidade semi-intensiva neurológica do Jackson Memorial Hospital, em Miami, para ocupar um leito no centro de reabilitação de lesões medulares do hospital. Na nova etapa de recuperação, Laís, que nos primeiros dias após o acidente não conseguia mexer os membros, realizou diariamente fisioterapia motora, respiratória e ocupacional de forma intensiva, das 9h às 16h.

<p>Laís Souza passou por recuperação no Jackson Memorial Hospital</p>
Laís Souza passou por recuperação no Jackson Memorial Hospital
Foto: Jackson Memorial Hospital / Divulgação

Reintegração

A segunda fase do tratamento de Laís Souza começou em abril. Ela já respirava sem aparelhos, se alimentava normalmente e sentia alguns estímulos. O principal objetivo, contudo, era fazer com que a ex-ginasta voltasse ao convívio com outras pessoas. Por isso, Laís saiu do hospital algumas vezes. Locomovendo-se com a ajuda de um carro adaptado ou sobre cadeira de rodas, a brasileira assistiu a partidas de basquete em Miami, foi a uma competição de atletismo, fez exercícios na piscina, compareceu a um show e utilizou o metrô.

Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação

Tratamento com células-tronco

Certamente este foi o principal responsável pela grande evolução do quadro clínico de Laís Souza. Durante a fase final do tratamento nos EUA, a brasileira recebeu aplicações de células-tronco, por injeção, na medula – tornando-se a primeira pessoa tetraplégica da história a receber tratamento de células-tronco nos Estados Unidos. Isto fez com ela sentisse maior sensibilidade em algumas partes do corpo – como nos pés, mãos, braço, barriga e costela.

Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação

Volta ao Brasil

Laís Souza ficou internada no Jackson Memorial Hospital, em Miami, até o dia 16 de junho do ano passado, quando recebeu alta. A ginasta seguiu em Miami, em um apartamento custeado pelo COB, até 13 de dezembro, data em que enfim retornou ao Brasil.

Assim que desembarcou em seu país-natal após 11 meses, Laís se mostrou confiante. "Sou muito positiva. Sou privilegiada por estar nesse tratamento (com células-tronco). É inexplicável o quanto isso me motiva. Fico orgulhosa por isso", disse a ex-atleta, na ocasião. "Eu estava na hora errada no momento errado no acidente. Mas não poderia ter acontecido coisas melhores após o acidente", acrescentou.

Foto: Daniel Ramalho/AGIF / Gazeta Press

Pensão vitalícia

O Senado aprovou no dia 18 de dezembro, em votação simbólica, o projeto de lei da Câmara (PLC) 81/2014 (ou PL 7657/2014, na Casa de origem), que prevê a concessão de pensão especial vitalícia a Laís Souza. O valor do benefício mensal equivale a R$ 4.390,24, limite máximo para esse tipo de auxílio, segundo o Regime Geral de Previdência Social. A despesa vai ser lançada no programa orçamentário Indenizações e Pensões Especiais de responsabilidade da União. A pensão não será repassada aos herdeiros da beneficiária.

<p>Laís Souza participou da inauguração do Instituto Neymar Jr. no fim do ano passado</p>
Laís Souza participou da inauguração do Instituto Neymar Jr. no fim do ano passado
Foto: Paduardo e Thiago Duran / AgNews

Futuro

Laís Souza continuará o tratamento no Brasil e mantém os sonhos de antigamente. "Continuo com o mesmo objetivo. Claro, alguns mudaram. Mas hoje um deles é voltar a andar, trazer novidades para o Brasil. Quero estar bem. Vivendo um dia após o outro. Sempre pensando no presente", disse a ex-ginasta. "Me imagino bem próxima à ginástica. Eu quero estar na próxima (Olimpíada), sim. Até brinco com eles (médicos) que quero chegar andando na Olimpíada (Rio-2016)", decretou.

Foto: Instagram / Reprodução
Fonte: Terra
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