Em luta para mexer músculo, Laís diz: nem sempre sou forte
Quase dois meses após sofrer um acidente gravíssimo enquanto se preparava para a Olimpíada de Inverno, Laís Souza trava uma guerra constante pela recuperação. A atleta brasileira possui movimentos apenas do pescoço para cima e corre o risco de ficar tetraplégica para o resto da vida, mas tem se esforçado ao máximo para conseguir vencer pequenas batalhas e avançar pequenos centímetros no território do próprio corpo. Contudo, em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, ela mesma admitiu também ter medo do que o futuro lhe reserva.
Laís sofreu fratura e deslocamento da terceira vértebra da coluna cervical, em um acidente bastante forte e que causou diversas complicações à atleta, como a perda da sensibilidade de todo o corpo abaixo do pescoço e diversas hemorragias. A brasileira, porém, tem tido uma evolução que tem surpreendido os médicos que realizam seu tratamento nos Estados Unidos. Agora, enquanto aguarda a regressão do inchaço da medula para saber se recuperará movimentos de braços e pernas, ela está prestes a iniciar um tratamento com células-tronco.
“Todo dia na cama eu peço para voltar a andar. Nem todo momento eu sou forte, choro para caramba. Acho que dá energia também voltar, pensar e refletir o que aconteceu. Acho que é a punhalada que você leva para continuar”, disse Laís, ao Fantástico. “Mas o que tiver que fazer, estamos aí. Vamos tentar. E se não der certo... me dá um pouco de medo, mas penso na solução do problema. O pouquinho que tenho de movimento, estou lá me matando para mexer aquele músculo e conseguir um pouco mais”, acrescentou.
Laís abre um sorriso ao lembrar que já comeu picanha e até teve vontade de fazer xixi – algo que não era esperado pela equipe médica. Esta, no entanto, não foi a única surpresa proporcionada pela ginasta e esquiadora. Ela rapidamente se livrou da traqueostomia, da respiração ventilada e da sonda ligada diretamente em seu estômago para alimentação.
A brasileira conseguiu recuperar a autonomia na respiração após várias sessões de canto com a amiga e fisioterapeuta Denise Lesso. “Cantei muito para isso”, recordou ela. Segundo Denise, foram cinco horas seguidas, com várias repetições da música Encostar na tua, de Ana Carolina. “No final do dia, ela estava com 100% de oxigenação e respirando sozinha”, contou.
Laís agora tem pequenas reações nas pontas dos dedos – uma vitória incrível para a equipe médica. Os especialistas, aliás, estão impressionados com o comportamento da jovem de 25 anos. “Pacientes com a paixão e a determinação dela acabam sendo bem-sucedidos na vida, com ou sem cadeiras de rodas", disse o neurocirurgião Barth Green.