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Entenda o que aconteceu para o Grêmio ser rebaixado

Time gaúcho teve seis oportunidades de escapar, mas não conseguiu evitar a queda

10 dez 2021 - 05h11
(atualizado às 07h23)
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O Grêmio teve seis oportunidade ao longo do Campeonato Brasileiro de assumir seu próprio destino na competição. No futebol isso significa "depender de suas forças" na tabela. Em nenhuma delas conseguiu se impor. O time não é ruim. Se começasse o torneio novamente, poderia ter melhor sorte. Mas, afinal, por que o Grêmio foi rebaixado para a Série B neste ano, juntando-se a Vasco e Cruzeiro, dois outros gigantes do futebol nacional, em 2022?

Torcedores do Grêmio sofrem com o terceiro rebaixamento do clube
Torcedores do Grêmio sofrem com o terceiro rebaixamento do clube
Foto: Pablo Nunes/Agência O Dia / Estadão

A resposta não se resume a uma simples explicação, a um único fato. Há muito mais entre o céu e o inferno na classificação. O clube gaúcho também se junta a Bahia, Chapecoense e Sport, três outros rivais que foram rebaixados nesta temporada. O Estadão volta no tempo e tenta contar a história desse Grêmio que terá de passar um ano na Segundona, pagando seus pecados - isso se conseguir fôlego para bater e voltar, o que não aconteceu com Vasco e Cruzeiro, mas foi o caminho do Botafogo.

Talvez o primeiro grande problema do Grêmio em 2021 tenha sido Renato Gaúcho. O treinador que comandou o clube por cinco anos assumiu todas as funções do departamento de futebol e, mesmo sem querer, desestruturou a necessidade de uma mínima organização com o elenco. Renato personificou o futebol gremista. Isso funcionou até sua saída. Deram a ele todo o poder do futebol. Quando foi embora, não havia departamento estruturado. O clube teve de reconstruir isso praticamente do zero, mesmo que digam o contrário. Ficou seis meses, ou mais, sem ter um executivo na área.

Quando saiu, depois de um tempo, Renato disse que não teve o devido respeito de um colaborador do clube, da diretoria, que, segundo ele, "não entendia nada de futebol". Renato se recuperava da covid-19, quando foi eliminado na Libertadores.

Desde a segunda rodada do Brasileirão, o Grêmio ocupa a Z-4. É muito tempo. O grupo acreditou que poderia fugir daquele lodo a qualquer momento. Tinha até motivos para confiar nisso. O elenco não era ruim, havia jogadores acima da média e os técnicos prometiam. Mas os resultados nunca aconteceram e as chances de sair do buraco foram sendo empilhadas. Havia alguns atletas que chegaram e foram embora sem serem notados, casos de André, Thiago Neves e do próprio Rafinha, que não respondeu ao que se esperava dele. O dinheiro não jorrava, mas as contas foram mantidas em dia.

Mesmo assim, as rodadas foram avançando, havia muitos asteriscos na tabela e isso dava a impressão de que era possível escapar.

O time teve ainda quatro treinadores de respeito, pelo menos no papel, contando Renato Gaúcho. Tiago Nunes conhecia bem a região e sabia onde estava pisando. Fez um bom trabalho no Atlhetico-PR e um trabalho ruim no Corinthians. Estava atrás de nova oportunidade. Não vingou. Depois, chegou Felipão e tudo o que ele significava para os gremistas. Mas ele não conseguiu domar o vestiário e suas orientações de campo não deram certo. Felipão teve de tirar o time da lanterna. Trabalhou em 21 jogos. O clube soltou uma nota para explicar a demissão do técnico após derrota para o Santos na Vila.

"O Grêmio informa que chegou a um comum acordo com o técnico Luiz Felipe Scolari para o encerramento do vínculo. Felipão deixa o Grêmio com seus auxiliares. Nesta quarta passagem pelo Tricolor, o técnico bicampeão da América tornou-se o segundo treinador com mais jogos à frente do Grêmio, completando 385. No último mês, perpetuou-se na história gremista ao marcar seu nome na Calçada da Fama. O clube agradece o comprometimento e respeito do técnico e sua equipe com a instituição durante o período de trabalho. Ao mesmo tempo, Luiz Felipe deixa registrado o seu agradecimento ao Grêmio", informou. Felipão não tinha muito o que falar. "Continuarei sendo gremista, como sempre fui e sempre serei".

Por fim, Vagner Mancini foi seduzido pelas cores do clube, abandonou o América-MG e aceitou a missão de 'salvar' o Grêmio. Entre suas explicações, empates e derrotas, a história se consuma nesta segunda, com o rebaixamento da equipe. Já se esperava. Era uma morte anunciada. Mesmo se escapasse, Mancini não continuaria para 2022. Seu trabalho não foi aprovado.

A torcida tem um capítulo só dela nesta queda. Apoiou o time enquanto pôde. Empurrou, aplaudiu, cobrou. Mas também prejudicou o clube e seus próprios colegas quando um grupo invadiu a Arena e tratou de provocar o terror, deixando um rastro de destruição. A cabine do VAR foi destruída. Ocorreu no jogo contra o Palmeiras, em outubro, após derrota por 3 a 1. O Grêmio foi punido e os portões, fechados. Ou seja, o time jogou sem torcida. O clube identificou 22 torcedores e repassou seus nomes para as autoridades de Porto Alegre.

Como todo grande que cai, o foco do Grêmio será a Série B em 2022. Não voltar para a elite do futebol brasileiro significa menos dinheiro em caixa, elencos mais modestos, patrocinadores reduzindo valores por causa da menor exposição e cotas de premiação inferiores às dos times do Brasileirão. Quanto mais um clube fica nas divisões inferiores, mais ele encolhe.

Estadão
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