Gremistas vaiam parte da torcida que entoou canto com macaco
As ofensas racistas de torcedores do Grêmio contra o goleiro santista Aranha, na última quinta-feira, em jogo válido pela Copa do Brasil, tiveram suas repercussões sentidas neste domingo, no jogo em que o time gaúcho venceu o Bahia por 1 a 0 pelo Campeonato Brasileiro. Em um momento do duelo, em que uma organizada iniciou um canto que ironizava o arquirrival Internacional chamando-o de "macaco", uma outra parte do estádio respondeu com uma sonora vaia.
A música entoada na Arena, com o refrão "chora macaco imundo", é tradicional da torcida organizada Geral do Grêmio, a maior do clube tricolor. Nesta semana, a segunda maior uniformizada do time, a Torcida Jovem, fez uma manifestação pelo Twitter para que os torcedores parassem de usar o termo "macaco" para se referir ao Inter em músicas de arquibancada, substituindo-o por "colorado".
O termo "macaco" é historicamente usado por gremistas para se referir à torcida do Internacional, que nas primeiras décadas do século XX era visto no Rio Grande do Sul como o "time do povo", aceitando negros e mulatos na equipe e tendo o apoio de parte maior da população pobre. Com o passar dos anos, parte dos colorados deixou de considerar o termo pejorativo, e atualmente há torcedores que utilizam a palavra em seus gritos e até adotam a figura do macaco como mascote.
Além da vaia ao canto gremista que chamava o Inter de "macaco imundo", outra manifestação contra o racismo foi vista na Arena neste domingo. Os jogadores do Grêmio entraram em campo segurando com uma faixa contra o racismo, com os dizeres "somos azuis, pretos e brancos". O time gaúcho pode até ser excluído da Copa do Brasil pelas ofensas contra Aranha, em julgamento no STJD marcado para esta quarta-feira.