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Ida de Neymar ao PSG faz pouco sentido comercial, mas pode provocar disputa de transferências

3 ago 2017 - 19h21
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A transferência do atacante Neymar para o Paris Saint-Germain faz pouco sentido comercial para o clube francês e pode ter suas raízes na situação política do Catar, segundo especialistas.

Neymar durante evento de moda em Xangai
 31/7/2017    REUTERS
Neymar durante evento de moda em Xangai 31/7/2017 REUTERS
Foto: Reuters

O PSG, de propriedade do Catar, pagou 222 milhões de euros para levar o brasileiro do Barcelona para a capital francesa, em uma transferência que também aparenta fazer pouco sentido para o jogador, em uma perspectiva futebolística.

O acordo de cair o queixo é a primeira vez que uma transferência recorde mundial foi dobrada, com a transferência de Paul Pogba da Juventus para o Manchester United, no ano passado, tendo registrado o recorde anterior de 105 milhões de euros.

O PSG ativou uma cláusula de compra ao invés de negociar uma típica quantia de transferência para Neymar, e embora torcedores do clube francês estejam encantados com a contratação de um dos melhores jogadores do mundo, o dinheiro investido no brasileiro tem pouca chance de ser recuperado.

    Nenhuma quantidade de vendas de camisas ou ingressos pode arrecadar este tipo de dinheiro gasto pelo PSG ao ativar a cláusula contratual ou gasto no gigante salário do brasileiro, relatado pela mídia francesa como sendo em torno de 550 mil euros por semana.

"Para o clube de futebol isto não faz qualquer sentido comercial", disse o especialista em finanças do futebol Rob Wilson, da Universidade Sheffield Hallam.

    "Não importa de quantos ângulos diferentes olharmos para isto, eu não consigo ver como o clube de futebol pode ter qualquer aumento em vendas que será suficiente para cobrir a quantia de transferência, muito menos todo o pacote", disse.

"A performance esportiva é uma questão diferente, mas eu não posso ver como eles podem ter qualquer retorno decente no investimento em qualquer modo", acrescentou.

    Quase todas as transferências recordes anteriores foram de jogadores se mudando para um clube maior ou de maior sucesso, mas neste caso Neymar está se juntando a um clube com menos história e menor presença na elite do futebol.

O Barcelona, 24 vezes campeão espanhol e fundado há 117 anos, é cinco vezes campeão europeu. O PSG, fundado em 1970, nunca sequer chegou à final da Liga dos Campeões.

    Ainda assim, o PSG, propriedade da Qatari Sports Investments, apoiada pelo Estado do Catar, tem afirmado publicamente o objetivo de conquistar a Europa desde a compra do clube em 2012.

O investimento pesado no clube foi recompensado com quatro títulos seguidos da Liga Francesa, até a temporada passada, quando o clube ficou em segundo lugar, atrás do Mônaco.

AFIRMAÇÃO POLÍTICA

Na Europa, no entanto, o sucesso tem sido difícil. No ano passado, o PSG saiu da Liga dos Campeões nas oitavas de final, após deixar escapar uma vantagem de 4 x 0 na partida de ida ao perder por 6 x 1 para o Barcelona no Camp Nou, com Neymar marcando dois gols.

    O atacante brasileiro deve melhorar o PSG, mas ser bom o suficiente para transformar a equipe em um time capaz de vencer Barcelona, Real Madrid e Bayern de Munique é outra questão.

    O fato de o Catar estar atualmente envolvido em uma disputa diplomática e econômica com quatro Estados árabes, incluindo Arábia Saudita, levanta perguntas sobre se há um aspecto político para o acordo, segundo o professor Simon Chadwick, da Universidade de Salford.

    Chadwick, que tem observado de perto a aproximação de "poder brando" do Catar no esporte, acredita que o grande interesse no acordo pode ser em um bom momento para o Estado do Golfo, que tem sido acusado por seus adversários de apoiar organizações terroristas. Doha nega as acusações.

    "A transferência de Neymar para o PSG, embora benéfica para o clube francês, pode ser motivada por uma afirmação política e a influência de poder brando que deve ter. Em um momento em que países como a Arábia Saudita querem que o mundo esteja falando do Catar em tons negativos, Doha se tornou um foco da maior história do ano no esporte favorito do mundo", afirmou.

O Catar é a sede da Copa do Mundo de 2022.

Em termos mais concretos para torcedores do futebol, a vontade do PSG em pagar tal quantia pode levar a uma série de acordos de muito dinheiro pelo continente.

    O Barcelona rapidamente estará sob pressão de seus torcedores para trazer um substituto de peso para Neymar e foi associado pela mídia espanhola com outro brasileiro, o meia Philippe Coutinho, do Liverpool.

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