Itália comemora glória no futebol e espera que ajude a curar feridas nacionais
Depois de 18 meses de pandemia, a Itália comemorou nesta segunda-feira o sucesso da seleção de futebol do país, que conquistou o título europeu pela primeira vez desde 1968 após derrotar a Inglaterra em Wembley.
Liderados pelo técnico Roberto Mancini, os jogadores pousaram em solo italiano logo após o amanhecer, enquanto muitos torcedores ainda festejavam no frio da manhã, com o cheiro de fogos de artifício pairando nas ruas e as bandeiras tremulando nas janelas dos carros.
"Nós realmente precisávamos nos reunir novamente, para comemorar, ser felizes, ter um momento compartilhado. Nós realmente precisávamos disso", disse Sara Giudice, moradora de Roma.
À tarde, o time foi convidado de honra no Palácio do Quirinale, do presidente Sergio Mattarella, antes de fazer uma curta viagem pelo centro de Roma para ser recebido pelo primeiro-ministro Mario Draghi.
O ônibus azul e branco da seleção italiana desfilou lentamente pelas ruas cheias de torcedores acenando com bandeiras, antes de uma cerimônia no pátio do gabinete do primeiro-ministro.
"Vocês nos empolgaram, comoveram, nos deram alegria e abraços", disse Draghi à seleção, que estava acompanhada pelo tenista Matteo Berrettini -- o primeiro italiano a chegar à final de Wimbledon, onde perdeu para Novak Djokovic no domingo.
"Vocês reforçaram em todos nós o sentimento de pertencer à Itália", disse Draghi.
Fora do protocolo original, a seleção italiana embarcou em outro ônibus aberto que desceu a Via del Corso até a Piazza Venezia, com os jogadores acenando para a multidão e erguendo o troféu.
A Itália foi o primeiro país ocidental a ser atacado pelo coronavírus no ano passado e registrou 127.775 mortes até agora pela doença -- mais do que qualquer país europeu exceto o Reino Unido.
A maioria das restrições destinadas a conter o contágio foi suspensa, e o domingo pareceu uma libertação em muitas praças de todo o país, onde o triunfo do futebol foi saudado por uma explosão de aplausos, buzinas de carros e lágrimas.
"Vocês estavam diante de nossos olhos. Vocês estavam em nossos corações. A dor daqueles que sofreram. As agruras daqueles que ficaram de joelhos pela pandemia", escreveu o capitão italiano, Giorgio Chiellini, no Twitter.
O time conhecido simplesmente como Azzurra reacendeu o orgulho dos italianos.
"O futebol não é uma metáfora da vida, nem da política, mas a seleção sempre acaba se parecendo com a nação que representa. No último mês, a seleção de Mancini nos lembrou que, afinal, ser italiano não é tão ruim", disse o jornal Corriere della Sera.
Em outros pontos do país, uma banda desfilou pelas ruas da ilha de Lampedusa, no sul; fãs remaram pelos canais de Veneza; e uma procissão de carros buzinando passou pela mesma rua na cidade de Bergamo onde, no ano passado, caminhões do Exército fizeram fila para recolher caixões de vítimas da Covid-19.
Os aplausos chegaram de todos os lados, de políticos a padres, esperando que o sucesso no campo de futebol seja uma mensagem mais ampla para um país que registrou no ano passado sua pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial e agora está em busca de redenção.