Japão no Morumbi tem repórteres tímidos, técnico cordial, frio e silêncio
Convidada a participar da Copa América 2019, que tem o Brasil como país sede, a seleção do Japão fez o reconhecimento oficial do estádio do Morumbi, em São Paulo, no início da noite desse domingo. Nessa segunda, às 20h (de Brasília), os asiáticos estreiam contra o Chile, no palco são-paulino.
Antes do grupo ir ao gramado, o técnico Hajime Moriyasu e o meia Gaju Shibasaki foram à sala de imprensa para conceder entrevistas coletivas. Mas, de repente se depararam com a timidez os jornalistas conterrâneos.
Um representante da Conmebol abriu o período de perguntas. Ninguém se manifestou. Para quebrar o clima quase de constrangimento, uma jornalista colombiana resolveu fazer o primeiro questionamento. Em seguida, novo suspense. Após muita conversa entre Moriyasu, Shibasaki e uma pessoa da delegação japonesa, o atleta resolveu ser o porta-voz.
A voz do treinador só pôde ser percebida na sexta questão, quando a pergunta fora totalmente direcionada. Daí para frente, chamou atenção a cordialidade de Moriyasu, que antes de cada resposta jamais se esquecia de "pois não, senhor". Aliás, ao fim da coletiva, Moriyasu agradeceu a todos de forma respeitosa para depois se levantar.
O único momento descontraído se deu por causa de um incômodo entre os asiáticos que estavam na sala. Ao tomar o microfone, um repórter japonês foi direto: "serei breve na minha pergunta, porque está muito frio nessa sala e está difícil ficar aqui".
Imediatamente, todos riram, e a organização entendeu o recado. Aparelhos de ar-condicionado foram desligados para tornar a temperatura mais agradável aos estrangeiros.
Já na cabine do Morumbi, de onde jornalistas tiveram vista do trabalho em campo por apenas 15 minutos, nada chamou mais atenção do que o silêncio. Era possível ouvir os atletas conversando entre si a uma distância de aproximadamente 25 metros.
Convocação longe do ideal
O Japão tem a equipe com a menor média de idade dessa Copa América (22,3). E o motivo é o fato de muitos clubes não terem liberados seus principais jogadores para a competição em terras que os japoneses jamais venceram.
"Inicialmente, a nossa participação teve uma situação excepcional de convocação, porque as equipes não tinham obrigatoriedade de liberação, motivo pelo qual enfrentamos dificuldades para convocação. A federação quis trazer a seleção principal, fez um grande esforço, e reconhecemos, mas a convocação não foi aquela que tínhamos como ideal. Motivo pelo qual a seleção não é mais poderosa que os senhores teriam aqui", explicou o comandante do plantel.
O fato de ter apenas seis jogadores veteranos e 17 que nunca defenderam o plantel principal não deve ser motivo, porém, para uma postura retraída durante a Copa América, espera Hajime Moriyasu.
"Sabemos (que o Chile) é uma equipe bicampeã, de muita grandeza, forte. E tudo isso fica bem latente pelo seu glorioso retrospecto. E o fato de estarmos jogando contra a atual campeã, para nós e para os jogadores, é motivo para entrarmos com coragem. Vamos buscar a vitória e espero que os jogadores tenham essa atitude. Na pior das hipóteses, que consigamos pelo menos um ponto. Que eles tenham esse espirito de desafio, que enfrentem dessa maneira".