Jesus é o 1º centroavante do Brasil a passar em branco em Copas desde 1974
Ex-jogador do Palmeiras foi contestado por boa parte da torcida por sua continuidade na equipe titular da seleção
Contestado por boa parte da torcida brasileira por sua continuidade na equipe titular da seleção, Gabriel Jesus amargou uma marca historicamente negativa na Copa do Mundo da Rússia. Com a eliminação do Brasil após a derrota por 2 a 1 para a Bélgica nesta sexta-feira, em Kazan, o atacante do Manchester City se tornou o primeiro centroavante titular do time nacional a passar em branco em Copas desde 1974.
Brilhante nas Eliminatórias Sul-Americanas e nos amistosos da seleção com gols e boas atuações, Jesus passou a ser titular e um dos jogadores em quem o técnico Tite mais confiava. O ex-jogador do Palmeiras, no entanto, não repetiu o desempenho no Mundial e se despediu da Rússia sem balançar as redes.
À medida em que os jogos passavam e Jesus não marcava, os torcedores brasileiros pediam Roberto Firmino como titular. Tite não ouviu os apelos e manteve o garoto de 21 anos na equipe, especialmente pela questão tática, já que o jovem muitas vezes se sacrificou na marcação para deixar Neymar com mais liberdade no ataque. Mesmo assim, o treinador deu algumas chances para Firmino, que entrou em quatro dos cinco jogos do Brasil no torneio e marcou um gol na vitória por 2 a 0 sobre o México, nas oitavas de final.
Antes do Mundial da Rússia, a última Copa em que um centroavante da seleção brasileira não tinha marcado gols havia sido a de 1974, na Alemanha. César Maluco foi o centroavante convocado pelo técnico Zagallo, mas era reserva e não teve chances de marcar, sendo preterido por Valdomiro, Mirandinha e Edu, que se revezaram na referência do ataque nos primeiros jogos. Até Jairzinho chegou a ser utilizado como jogador de área. O time de Zagallo terminou aquele Mundial na quarta colocação.
Historicamente, o Brasil se acostumou a ter centroavantes decisivos, matadores, artilheiros e letais. Em 1978, teve Reinaldo e Roberto Dinamite. No time estrelado de 1982, Serginho Chulapa fazia a função. Em 1986, o Brasil caiu para a França nas quartas de final, mas viu Careca ser o vice-artilheiro do torneio, com cinco gols, atrás apenas do inglês Gary Lineker. Quatro anos mais tarde, Careca foi novamente o homem de área, mas sem tanto brilho desta vez. Fez dois gols, e os brasileiros caíram nas oitavas de final para os rivais argentinos.
O último jogador que vestiu a camisa 9 da seleção e terminou um Mundial sem anotar gols foi o meia Zinho, na Copa de 1994, nos Estados Unidos, mas ele não desempenhou a função de centroavante na competição. E a ausência de gols de Zinho não foi um problema naquela ocasião, já que Romário e Bebeto, os verdadeiros goleadores do Brasil, assumiram o protagonismo e conduziram a seleção à conquista do tetracampeonato. Romário foi o vice-artilheiro da competição, com cinco gols.
Se em 1994 Ronaldo era um menino, e reserva de Romário e Bebeto, em 1998 ele encantou o mundo e levou a seleção até a final contra a França. Ronaldo, entretanto, não brilhou na final, e os franceses conquistaram o título com atuação de destaque de Zidane. O Fenômeno marcou quatro gols naquela edição do Mundial. Em 2002, contudo, veio a redenção. Ronaldo foi o artilheiro da Copa do Japão e da Coreia do Sul e o principal nome da seleção brasileira na conquista do pentacampeonato. Balançou as redes oito vezes, incluindo duas na final contra a Alemanha, derrotada por 2 a 0.
Quatro anos depois, já em declínio na carreira, Ronaldo não foi o mesmo de antes, mas seguiu como centroavante do time treinado por Parreira e que caiu nas quartas para a França. Ele deixou sua marca três vezes. Depois da "era Ronaldo", Luis Fabiano e Fred assumiram o posto em 2010 e 2014, respectivamente, e também marcaram pelo menos um gol cada nestas Copas. O ex-atacante do São Paulo balançou as redes por três vezes em cinco jogos na África do Sul, enquanto Fred só fez um gol em seis partidas no Brasil.
Apor terminar este Mundial da Rússia "zerado", Gabriel Jesus poderá ter a chance de se redimir em 2022, no Catar, palco do próximo Mundial.