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Jogos Inverno 2010

Por que ninguém se importa com a chuva em Vancouver?

1 fev 2010 - 10h14
(atualizado em 2/2/2010 às 07h37)
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Mariana Lanza
Direto de Vancouver

Cena típica de Vancouver. Dois moradores se encontram no centro e param para um bate-papo. Um de boné e jaqueta, outro de blusa de lã e cabelos ao vento. Conversam sem pressa, longamente, debaixo da chuva irritantemente constante. Quer dizer, irritante para quem não é de Vancouver. Os dois ficam ali por minutos, se deixando molhar, cinco passos distantes do toldo de um prédio comercial. Por quê?

"Se você não andar na chuva, não vai sair de casa", avisa Gwen Floyd, 36 anos, habitante da cidade-sede dos Jogos Olímpicos de Inverno há dez anos e uma das muitas adeptas à pratica de deixar o guarda-chuva em casa. Nem mesmo a caminhada sob chuva com o maridão e os filhos, Aidan, 5 anos, e Quinlan, 1 ano, até uma casa de show infantil intimida. Os pais e o menino mais velho se protegem com casaco impermeável e capuz. O caçula esconde os olhos azuis, herdados do pai, dentro da capa plástica que envolve o carrinho de bebê - acessório muito comum pelas ruas.

"O guarda-chuva atrapalha para eu empurrar o carrinho. Já estamos acostumados com isso e às vezes até esquecemos que está chovendo", conta Gwen. "Entre junho e setembro não chove muito. Vocês deveriam voltar para nos visitar nesta época".

Mas será que é possível se acostumar mesmo com o pinga-pinga incessante? Para Marc Trottier, 28 anos, não. Logo no seu primeiro dia de trabalho em uma obra ao ar livre para os Jogos Olímpicos, ele mostrou a roupa encharcada e até tentou fazer uma negociação. "É muito sofrido. Você tem sorte de estar com essa blusa impermeável, quer me vender?", brinca.

Quem curte um guarda-chuva pode até desfilar nestes tempos de Olimpíada de Inverno com o acessório estampando o logo da competição. Ou a bandeira do Canadá. Para os corajosos, a brincadeira sai por R$ 17 em uma loja de souvenires da Robson Street, mais famosa rua para compras na cidade. "No mês de janeiro, que chove muito, vendo cerca de quarenta", afirma a chinesa Shilah Woo, que trabalha há cinco anos no local.

Os mais sofisticados, e endinheirados, também encontram um guarda-chuva na loja chiquérrima Holt Renfrew, tipo uma Daslu canadense, por R$ 400. Bom, pensando por esse lado, o pinga-pinga de Vancouver fica até menos irritante.

Diante de tanta chuva, muitas mulheres na cidade até abrem mão de desfilar com os cabelos sempre arrumadinhos. Por outro lado, não molham os pés de jeito nenhum. As galochas de plástico, algumas delas forradas com lã, são acessório obrigatório. "Geralmente vendo de três a quatro pares por dia, mas, quando chove, pode chegar a 11", diz o gerente de uma loja Darryl Newman, onde os preços vão de R$ 86 a R$ 210.

Segundo estatísticas dos meteorologistas, pode chover mais de 200 dias ao ano em Vancouver. A média histórica de dias de chuva por ano é de 166. Em São Paulo, a famosa Terra da Garoa, a média é de 134. Não é à toa que Vancouver é chamada de "Raincouver" pelos estrangeiros e "Vanchuver" pelos brasileiros.

Capa plástica é um acessório muito comum em Vancouver
Capa plástica é um acessório muito comum em Vancouver
Foto: Allen Chahad / Terra
Fonte: Terra
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