Por que os fãs adoram briga no hóquei? Canadenses contam
- Tarian Chaud
- Direto de Vancouver
Bar cheio, muita cerveja, jogo na televisão e torcedores gritando. O ambiente poderia muito bem ser de uma cidade brasileira em dia de partida de futebol. Mas a cena é de Vancouver, onde os apaixonados por hóquei se reúnem para acompanhar os Canucks, time local que disputa a NHL (Liga Americana de Hóquei). A cada gol marcado, a festa é grande. Mas o barulho é ainda maior quando saem as brigas.
Basta aparecer no telão a imagem com jogadores trocando socos e pronto, os fãs ficam alucinados. "Faz parte do show, do negócio. Eu sou pacífico, mas sinto algo indescritível quando isso acontece. É um instinto natural do ser humano. É como assistir a uma luta de vale-tudo. Não dá pra ver e ficar indiferente", explica o barman conhecido como Rika, que trabalha no The Cambie, um dos bares mais procurados pelos torcedores na cidade-sede da Olimpíada de Inverno.
No balcão, um torcedor com uma enorme caneca de cerveja na mão concorda com o atendente. "Nós gostamos disso mesmo. Hóquei é um esporte de contato. Se você recebesse uma pancada, não gostaria de devolver", pergunta ele, sem tirar os olhos da televisão, que mostra a derrota dos Canucks para o Montreal Canadiens.
As brigas na NHL são toleradas pelos árbitros desde que um informal de código de conduta seja respeitado pelos os atletas - ou brigões. É proibido usar o taco para acertar o adversário, chutar com os patins e, além disso, quem está no banco de reservas não pode invadir a quadra durante o "espetáculo". Suspensões por alguns minutos são aplicadas, mas os jogadores só são desqualificados da partida em casos específicos de reincidência.
"Os canadenses enlouquecem com as brigas, mas a violência fica só na quadra. Os torcedores dos bares são pacíficos", garante o estudante brasileiro Victor Augusto, que vive em Vancouver e aprendeu a gostar do hóquei e do show que a modalidade proporciona.