Mesmo com chicotadas em Pussy Riot, Putin sai forte de Sochi
Um dos líderes mais polêmicos da atualidade, Vladimir Putin recolocou a Rússia no centro do cenário esportivo mundial pela primeira desde a desintegração da União Soviética em 1991. Exceto campeonatos mundiais de algumas modalidades e a final da Liga dos Campeões, a Olimpíada de Inverno de Sochi 2014 foi o maior evento realizado no país desde os Jogos de Verão de Moscou, em 1980.
A Rússia investiu pesado para realizar a competição. Foram gastos algo em torno de US$ 50 bilhões na construção das instalações esportivas e na infraestrutura de Sochi, cidade que fica na beira do Mar Negro, como novas linhas modernas de trem e rodovias modernas.
Putin tentou desde o início mostrar que era o “czar” da Grande Rússia e compareceu a uma série de eventos para cativar popularidade, como a abertura e o encerramento no Estádio Fisht e algumas partidas de hóquei da seleção russa, esporte número 1 do país.
No entanto, a equipe de hóquei foi a maior decepção no torneio. Perdeu sob o olhar de Putin para os americanos nos pênaltis, após empate por 2 a 2 no tempo normal e prorrogação, e caiu diante da surpreendente Finlândia nas quartas de final.
A Rússia, todavia, conseguiu se destacar em outras modalidades, como a patinação de velocidade, e terminou com o “título” no quadro de medalhas ao somar 13 ouros, 11 pratas e 9 bronzes.
O nacionalismo russo ficou evidente dentro dos ginásios e pistas de esqui e snowboard. A torcida gritava o famoso Россия (Rússia), estendiam e pintaram as cores da bandeira em seus rostos. O que pouco se viu foram bandeiras e menções à antiga União Soviética.
Aos 61 anos, Putin está em seu terceiro mandado na Rússia (termina em 2016) e tem excelente popularidade no país, já que é apontado como um dos responsáveis pela retomada da economia do país no início do século. No entanto, é criticado internamente por regiões que buscam a independência e pelo Ocidente, especialmente a União Europeia, que o apontou como o homem-forte por trás do presidente ucraniano Viktor Yanukovych, deposto nesta semana após séria crise institucional.
Mesmo sob críticas ocidentais, Putin saiu como um dos vitoriosos de Sochi 2014. A organização, especialmente a segurança, que teria contado como mais de 100 mil agentes, foi elogiada pelo COI (Comitê Olímpico Internacional).
“Em todos os grandes eventos, um país, e quando falo de uma nação falo também do seu líder, recebe benefícios do evento. Putin teve um papel importante na preparação desses Jogos, não apenas ele mas como todo o governo”, disse Thomas Bach, presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional).
O dirigente completou ao lembrar que o governante russo não quebrou em nenhum momento o código olímpico em ações mais fortes, como no controle das manifestações.”Não me recorde de nehuma ação dele que tenha ultrapassado as fronteiras em ter feito gestos ou atitudes que não seriam legítimas”, comentou.
No entanto, um ponto manchou um pouco a Olimpíada de Sochi: a truculência policial contra os membros do Pussy Riot. Uma das imagens que vai ficar marcada para a história olímpica (embora o COI tenha descartado a ligação dos protestos com os Jogos) é a chicotada dos policiais nas manifestantes.
A Rússia agora irá se preparar para a Copa do Mundo de 2018. O desafio será cumprir as demandas e exigências da Fifa (algo que o Brasil tem sofrido), mas o presidente conta com os rublos para fazer a competição ser uma das mais modernas da história.
No entanto, Putin provavelmente não estará como presidente. O que não quer dizer que ele estará afastado do poder. Entre 2004 e 2008, o político estava fora do cargo de chefe de Estado após ter cumprido dois mandatos, mas era o primeiro-ministro e tinha forte influência sob o então presidente Dmitry Medved.