Torcida russa não empolga em clássico do hóquei e bate palmas para Putin
Torcedores vão ao Medal Plaza de Sochi e têm comportamento burocrático durante o jogo nervoso entre russos e americanos pelo hóquei no gelo
Rússia e Estados Unidos fizeram neste sábado o duelo mais esperado nesta primeira semana dos Jogos Olímpicos de Sochi. Rivais desde a época da Guerra Fria, os americanos voltaram a levar a melhor em uma partida de hóquei no gelo e bateram os donos da casa nos pênaltis, após empate por 2 a 2 no tempo normal e 0 a 0 na prorrogação.
Na Medal Plaza do Parque Olímpico, um dos cinco live sites espalhados pela região de Sochi, milhares de torcedores se acumularam no local para acompanhar um dos maiores clássicos do hóquei mundial - jogo mais famoso é a surpreendente vitória do time amador americano sobre os então soviéticos em La Placid 1980.
Os tempos são outros e a Guerra Fria se foi, assim como a União Soviética se dissolveu no fim de 1991. Na porta do Bolshoi Ice Dome, o clima era de paz entre torcedores russos e os poucos americanos que apareceram. Houve até fotos lado a lado tiradas pelos rivais.
No rink, o clima era outro e americanos e russos trocaram empurrões e provocações no duelo que praticamente definiu o campeão do Grupo A do hóquei masculino.
Na Rússia, o hóquei é o esporte número 1 e os torcedores não escondem a paixão. No entanto, eles são um pouco mais suaves nas comemorações e reclamações ao longo da partida. Para o clássico, a torcida russa se vestiu com a camisa vermelha da seleção e alguns mais fanáticos pintaram também os rostos. Pouquíssimas bandeiras americanas foram vistas no Medal Plaza durante o jogo.
Os momentos que mais empolgavam no Medal Plaza foram durante os gols russos no tempo normal e na disputa por pênaltis, assim como nos entreveros entre os atletas rivais. Houve palmas quando apareceu nos camarotes o presidente Vladimir Putin.
Quando a partida estava 2 a 1 para os americanos, no terceiro período, a torcida decidiu "acordar", começou a soar gritos de incentivos e tocar as buzinas e apitos. Quando saiu o gol de empate, a torcida estufou o peito para comemorar e alguns fãs estenderam bandeiras.
Porém, houve um momento inusitado. A quatro minutos do fim, a arbitragem anulou o terceiro gol russo por entender que o puck não havia batido dentro da meta – poucos torcedores gritaram ou xingaram após a decisão ter sido alterada.
Durante os pênaltis, a torcida perdeu a calma com os organizadores do live site. Já estava começando a anoitecer e dois apresentadores surgiram momentos antes para anunciar a atração musical que entraria depois do jogo e foram vaiados.
Outra irritação foi quando o sinal caiu antes de um dos pênaltis russos e vários fãs começaram a xingar em direção aos responsáveis pelo telão, mas segundos depois foi resolvido. As penalidades provocavam alguns gritos quando o puck entrava a favor dos russos e um silêncio quando o goleiro Jonathan Quick fazia uma defesa.
No momento que o americano T.J. Oshie fez o decisivo gol na disputa de pênaltis, os torcedores da Rússia lamentaram rapidamente e, de forma muda e sem reação mais aguda, caminhavam em direção a saída do Medal Plaza.