Após ouro, Zanardi enfrenta tédio à espera de "novo horizonte"
7 set2012 - 06h49
(atualizado às 07h12)
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Danilo Vital
Direto de Londres
"Na segunda-feira, vou ter que encontrar alguma coisa diferente para fazer, senão vou ficar um pouco entediado". A frase esteve entre as primeiras palavras do italiano Alessandro Zanardi como campeão paralímpico do ciclismo H4, título conquistado na última quarta-feira, no circuito de Brands Hatch, em Kent. O ex-piloto de Fórmula 1 e Fórmula Indy voltará ainda à ativa nos Jogos nesta sexta na prova de estrada H4 e no sábado, para o revezamento misto H1-4, mas já sente certa tristeza e prevê tédio. Entretanto, ele conta com uma nova aventura que possa impulsioná-lo nos próximos anos - não necessariamente no ciclismo, muito menos nos Jogos do Rio 2016.
O desafio dos últimos dois anos foi se classificar à Paralimpíada de Londres e se apresentar competitivo, e foi essa paixão que empurrou Zanardi a treinos e mais treinos no esporte que começou a praticar em 2007. Seis anos antes, ele sofreu um grave acidente durante uma prova da Fórmula Indy e teve amputadas as duas pernas acima do joelho. Ex-piloto também de Fórmula 1, Alessandro Zanardi agora quer outro desafio, o que define como "um novo horizonte".
"Eu sou alguém muito sortudo, e posso certamente sair daqui e continuar com uma boa vida, uma vida muito feliz se eu pegar minha vara e for pescar com meu filho. Não preciso de algo especial. Mas se algo especial aparecer, porque eu deveria dispensar?", indagou. "Isso é quase o último dia de uma grande aventura e, para segunda-feira, não tenho dúvida de que eu vou encontrar alguma coisa. Se eu tenho algum talento, certamente é a minha curiosidade".
Zanardi colocou a emoção do título paralímpico em igualdade com outras sentidas durante a carreira como piloto, mas indicou que não deve permanecer na modalidade por muito mais tempo. Ele não descartou competir nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro 2016, mas isso não é o principal. "Quando você escolhe seguir um horizonte na vida e começa a ser empurrado pela sua paixão, todo dia é uma grande oportunidade de encontrar felicidade", apontou. Esse horizonte foi alcançado com o ouro.
Aparentemente, Alex Zanardi sente falta mesmo do automobilismo. Nesta última quarta-feira, afirmou que recebeu ligação do amigo Jimmy Vasser, ex-piloto e co-proprietário da equipe KV Racing, com a promessa de que, se fosse campeão, poderia correr as 500 milhas de Indianápolis. "Então vou ter que ligar e dizer: Jimmy, aqui estou eu, consegui a medalha de ouro. E quanto ao carro?", brincou o italiano, com muito bom humor.
"Eu nunca dispensarei o ciclismo enquanto eu tiver a certeza da força nos meus braços. Se uma boa oportunidade aparecer antes do Rio de Janeiro para adicionar uma roda e um motor, por que não?", acrescentou. Mas isso começará a ser definido a partir de segunda-feira. Restam quatro dias até lá. "Vou dar à minha esposa uma boa semana para relaxar, fazer compras e essas coisas de mulher. E depois, de volta aos negócios", anunciou Alessandro Zanardi.
Os brasileiros do revezamento quase conquistaram a medalha de ouro, chegaram a comemorar a prata, mas acabaram ficando sem nenhuma medalha: os atletas, assim como os Estados Unidos, foram desclassificados da prova e ficaram sem vaga no pódio
Foto: Fernando Borges / Terra
País começou a prova mal, teve uma grande recuperação e quase levou o ouro em uma chegada emocionante dos rivais Pistorius e Fonteles
Foto: Fernando Borges / Terra
A África do Sul, de Oscar Pistorius (dir), ficou com a medalha de ouro; China e Alemanha completaram o pódio
Foto: Fernando Borges / Terra
Alan Fonteles (dir) teve que consolar companheiros após brasileiros terem a eliminação oficializada pela organização
Foto: Fernando Borges / Terra
Eliminação deixou atletas nacionais desolados; resultado final do País na disputa havia sido abaixo do recorde mundial até então em vigor
Foto: Fernando Borges / Terra
Atletas nacionais mostraram revolta e lamentação e tiveram que receber consolo
Foto: Fernando Borges / Terra
País chegou a comemorar bastante a medalha de prata, inclusive com os torcedores britânicos, antes de ter a desqualificação oficializada
Foto: Fernando Borges / Terra
Brasileiros descobriram a eliminação enquanto comemoravam e rapidamente mudaram as expressões faciais; África do Sul mostrou solidariedade aos atletas
Foto: Fernando Borges / Terra
Placar anunciou primeiro o resultado final com a prata para o Brasil e só depois mostrou as desclassificações de Brasil, que tinha levado a prata, Estados Unidos, então com o bronze, e França
Foto: Fernando Borges / Terra
Yohansson (foto) disse que ficou triste com os companheiros Emicarlo Souza e Antônio Delfino, que saem de Londres sem medalhas
Foto: Fernando Borges / Terra
Oscar Pistorius fechou a série da África do Sul para garantir a medalha de ouro para o país sul-africano
Foto: Fernando Borges / Terra
Maior expoente da Paralimpíada de Londres, Pistorius travou acirrada disputa com o brasileiro Fonteles nos metros finais, que chegou a diminuir a vantagem, mas não o suficiente para assumir a liderança
Foto: Fernando Borges / Terra
Problema que desclassificou Brasil supostamente teria sido na passagem de Yohansson para Delfino
Foto: Fernando Borges / Terra
Pistorius, assim como os outros atletas da África do Sul, comemoraram bastante a vitória e o novo recorde mundial
Foto: Fernando Borges / Terra
Atletas sul-africanos fizeram a festa com a torcida britânica no Estádio Olímpico
Foto: Fernando Borges / Terra
Após polêmicas entre Pistorius e Fonteles, relação dos brasileiros com os rivais foi amistosa no revezamento 4x100 m
Foto: Fernando Borges / Terra
Alemanha herdou a medalha dos Estados Unidos na prova e ficou com o bronze
Foto: Fernando Borges / Terra
Desempenho e festa brasileira foram frustados pela desclassificação do País
Foto: Fernando Borges / Terra
Sul-africanos diminuíram em quase um segundo o recorde mundial, então pertencente aos Estados Unidos (42s50)
Foto: Fernando Borges / Terra
África do Sul fez grande festa no Estádio Olímpico com a medalha de ouro na prova do revezamento 4x100 m