Bill "casa" com francês, anula rival e define ouro paralímpico
- Danilo Vital
- Direto de Londres
"Cadê o cara? Cadê ele? Cadê?". No campo de defesa do Brasil, Severino Gabriel da Silva, o Bill, perguntava por Frederic Villeroux, camisa 10 da seleção francesa de futebol de cinco. Anular o destaque do adversário foi a missão do jogador, que ainda contribuiu com um gol de pênalti na vitória por 2 a 0 na final dos Jogo Paralímpicos de Londres, garantindo a medalha de ouro.
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"A orientação foi a seguinte: Bill, casa com o cara. Não descola dele. A bola pode estar do outro lado, você vai estar colado nele. Eu não quero mais ver você jogando. E foi isso que o Bill fez. E isso foi diferencial", explicou o técnico Ramon Pereira de Souza após o triunfo na Riverbank Arena, neste sábado. Foi por isso que, no segundo tempo, o jogador insistia em perguntar pelo rival.
Fábio Luiz Vasconcelos, que por ser goleiro é o único jogador que enxerga em campo, tranquilizou o companheiro. "Ele está lá do outro lado. É cobrança de escanteio". No resto do jogo, no entanto, Bill marcou Villeroux, e chegou forte a ponto de irritar o francês. Ainda no primeiro tempo, depois de ser atropelado pelo brasileiro, o camisa 10 sapateou em campo cobrando a arbitragem.
"Sempre teve um duelo entre eu e o francês, até porque ele é um cara habilidoso e muito rápido. A gente tem que estar na cola, porque o homem é escorregadio. Tem que chegar junto mesmo, senão ele sai na cara do nosso goleiro", afirmou Bill. "E mesmo assim o francês criou duas oportunidades de gol", salientou o técnico Ramon. Bill foi menos efetivo no ataque, mas acabou sendo mais decisivo.
Isso porque o brasileiro foi o responsável por abrir o placar em gol de pênalti, batido com força, a meia altura e no lado direito do goleiro. Cobrador oficial da Seleção, ele já havia acertado na decisão por penalidades contra a Argentina, na semifinal. No segundo tempo, Jefinho fez grande jogada na área e bateu prensado. Sem querer, Martin Baron mandou contra a própria meta, definindo o placar de 2 a 0.
"Brasil e França, a cada dia que passa, vêm crescendo, e eles realmente evoluíram bastante. Nós sabíamos que o jogo ia ser bastante difícil. Na primeira fase (empate por 0 a 0 na estreia) foi pegado, só que agora nos reunimos e falamos entre nós. Pedimos para entrar com mais garra, chegar mais junto e virar mais bolas. Conseguimos chegar no gol deles", celebrou o jogador, tricampeão paralímpico - também esteve nas campanhas em Atenas 2004 e Pequim 2008.