Fã de Zidane, Casemiro vira goleador e espera assédio europeu
- Fábio de Mello Castanho
- Direto de Arequipa (Peru)
Três gols em sete partidas é uma média incomum para um volante. Tal marca, somada a um futebol versátil de marcação forte e presença constante no ataque, faz Casemiro ser um dos destaques da Seleção Brasileira no Sul-Americano Sub-20 e, consequentemente, um dos alvos preferenciais das dezenas de olheiros e empresários ligados a times europeus presentes no Peru.
Em entrevista ao Terra, o volante do São Paulo disse que espera mais assédio após a competição, mas que não é hora de pensar sobre o assunto. "Até mesmo essa facilidade que eu tenho de fazer as duas funções pode ajudar bastante (na análise de olheiros)", disse o jogador, que segundo informações da imprensa italiana já estaria sendo observado pela Juventus.
Com contrato até 2015 com o São Paulo, Casemiro já recusou uma saída no começo de 2010 para continuar no clube em que joga desde os 11 anos. Integrado ao grupo principal, virou titular, mas no final da última temporada perdeu um pouco do espaço que pretende recuperar com as atuações destacadas no Sul-Americano. "O Carpergiani está vendo o meu trabalho".
O que o técnico são-paulino está acompanhando pela televisão é um jogador que lidera o número de desarmes do Brasil e ainda aparece com frequência no ataque. Fez partidas irregulares contra Argentina e Chile, mas o que fica mais marcado até o momento são os três gols de cabeça, anotados muito em função de sua estatura (1m84) e porte físico.
Curiosamente seu principal espelho também é um jogador alto, que ficou marcado no Brasil por fazer dois gols de cabeça na decisão da Copa do Mundo de 1998. O francês Zidane serve de exemplo a Casemiro "pela tranquilidade que passa jogando". Característica também presente no jogador que sonha em consolidar uma carreira na Seleção que frequenta, nas categorias de base, desde os 17 anos. "O Mano Menezes está vendo meu trabalho".
Confira a entrevista na íntegra:
Terra - Você é um jogador que tem passagens pelas categorias de base da Seleção. Você acha que isso ajuda você a ter um melhor desempenho na Sub-20?
Casemiro - Ajuda bastante você estar acostumado a vestir a camisa da Seleção Brasileira, saber dessa importância. A comissão (técnica) tem dado total liberdade para fazer o que eu quiser, entre aspas, de bom para o grupo. Isso tem ajudado bastante.
Terra - Você começou o torneio mais preso na marcação, e depois passou a ter mais liberdade para atacar. Em qual dos dois jeitos você mais gosta de jogar?
Casemiro - Eu gosto de jogar mais preso, mas não vejo problema nenhum em ir mais para o ataque. O Ney (Franco, técnico da Seleção Sub-20) vem elogiando bastante esse meu trabalho de sair para o jogo. Eu estou aqui para ajudar o grupo.
Terra - Tem chamado atenção também a sua força física. Durante o começo da carreira você teve alguma preparação especial em relação a isso?
Casemiro - Acho que o São Paulo fez um trabalho muito bom. Quando eu jogava em uma escolinha lá em São José dos Campos, a Moreira Esportes, por eu não ter conhecido meu pai e minha mãe ser baixa, o pessoal falava: 'será que ele vai crescer?' O São Paulo fez um planejamento comigo, fez tomar as vitaminas, e isso me ajudou bastante. Já estou bem no porte físico, como um atleta, e isso vem ajudando bastante, até para marcar gols de cabeça.
Terra - Você costuma comer bastante?
Casemiro - Eu gosto de comer bastante lanche, coca cola e assim vai.
Terra - Na posição em que você joga, cada vez mais os jogadores são altos e fortes. Havia uma preocupação sua para ganhar um porte físico para atuar como volante?
Casemiro - Quando você está jogando, não se preocupa muito com isso. Outras pessoas cuidam. Quando cheguei ao São Paulo, houve uma preocupação em relação a isso. Tomei bastante vitamina para ficar forte.
Terra - Qual jogador é o seu espelho na posição?
Casemiro - Para te falar a verdade, o jogador que eu olho e digo 'esse é o cara' é o Zidane, que eu vi bem pouco. Ele passa tranquilidade jogando. Mas, sem dúvida, há outros grandes jogadores, como o Hernanes. Ele trabalha muito bem com as duas pernas.
Terra - Quando o Hernanes saiu do São Paulo, você passou a ser encarado como substituto dele. Você sentiu um pouco essa pressão?
Casemiro - Não, não senti. Só no final do Campeonato Brasileiro que tive uma caída (de rendimento). Mas o Carpergiani (treinador do São Paulo) está vendo o meu trabalho aqui, até mesmo o Mano Menezes (técnico da Seleção principal) está vendo... Sem dúvida meu trabalho aqui pode ajudar bastante.
Terra - Você é um volante que consegue tanto marcar quanto atacar bem, o que agrada times europeus. Aqui no Sul-Americano há muitos olheiros da Europa. Você acha a tendência á aumentar o assédio?
Casemiro - A galera tem falado que tem assedio, mas ainda não chegou nada a mim. Mas sem dúvida isso vai ter, porque até eu mesmo estou gostando do trabalho que estou fazendo, a galera também tem elogiando bastante. Sem dúvida o pessoal que vem assistir aqui vai ver... ninguém é bobo, ninguém é cego. Até mesmo essa facilidade que eu tenho de fazer as duas funções pode ajudar bastante.
Terra - Você vê como um caminho inevitável para a sua carreira a Europa?
Casemiro - Acho que um jogador de futebol tem que estar pronto sempre. Se pintar essa oportunidade, não vejo problema nenhum em jogar fora do país. Mas primeiramente estou pensando na Seleção, terminar o trabalho bem como eu estou fazendo, e consequentemente virão as propostas ou até mesmo a facilidade lá no São Paulo.
Terra - A postura do Mano Menezes em dar mais atenção aos jogadores que atuam no Brasil pode fazer você preferir continuar no São Paulo?
Casemiro - O Mano vem olhando bastante o futebol de todos. Hoje em dia um moleque de 17 anos já está pronto para jogar na Seleção principal. Até mesmo tem o Neymar que já joga lá. Se eu fizer um bom papel no São Paulo ou em outro clube fora do Brasil, o Mano Menezes vai estar de olho.