Na bronca com juízes, Brasil se equivale a rivais em faltas e cartões
- Fábio de Mello Castanho
- Direto de Arequipa (Peru)
A reclamação sistemática dos brasileiros com a arbitragem do Sul-Americano Sub-20 presume um time caçado em campo. Porém, na frieza dos números, o Brasil tem números parecidos com rivais, praticamente iguais, em quesitos disciplinares das estatísticas computadas pela Footstats.
A Seleção é o segundo time com mais faltas cometidas no torneio, com 129 (média de 18,4 por partida), perdendo apenas para a Argentina, com quatro a mais (19 de média). O Chile, terceiro mais faltoso, fez 105 (15 por jogo). Curiosamente as partidas contra estas duas equipes no hexagonal final foram as que mais geraram reclamações brasileiras.
Segundo o técnico Ney Franco, o alto número de faltas da Seleção Brasileira tem como principal fonte a própria característica dos jogos do torneio. Mas também estão embutidos erros de arbitragem - que em sua visão é mais tolerante aos rivais - e exagero de seus atletas, problema que ainda tenta combater.
"Sobressai o estilo de jogo da competição. Todos jogam marcando forte e precisamos fazer o mesmo. É questão de jogo", disse o treinador, que antes tinha citado as outras duas justificativas. "Tem a forma de jogar a competição, alguns erros de arbitragem e erros individuais de atletas".
Quanto ao estilo de jogo, vale uma comparação com a Copa do Mundo. Realmente Brasil e Argentina têm médias parecidas com as equipes mais faltosas do Mundial da África do Sul (campeão na estatística, o México cometia 21 por jogo). Por outro lado, as outras seleções do torneio apresentam número que batem com a média da Copa.
Uma explicação para os números parecidos pode ser a maior permissividade dos árbitros sul-americanos, que teoricamente deixam a partida correr mais e ignoram jogadas que seriam faltas em outras partes do mundo. E é exatamente neste ponto que entra a segunda justificativa de Ney Franco.
Desde que chegou ao Peru, o treinador tem insistido que uma das tarefas do Brasil é se adaptar aos estilo dos juízes do continente, que não costumam marcar todo tipo de falta. Porém, os jogadores visivelmente têm se irritado com a tolerância a certos lances e isso é refletido em uma equipe mais nervosa, com entradas mais duras e reclamações sistemáticas ao árbitro.
Resultado disso é o número de cartões recebidos pelo Brasil na competição: 18 amarelos (um a menos do que Chile e Argentina) e três vermelhos (o maior número da competição). Alguns deles recebidos por motivos banais, como simulação de pênalti e reclamações.
Esta análise fecha as explicações de Ney Franco pelos números disciplinares do Brasil. "Foi visível na ultima partida que houve um erro do atleta. Além de tomar cartão vermelho, foi marcado pênalti", exemplificou o treinador em relação à expulsão de Juan, aos 6min do primeiro tempo após acertar fora do lance o argentino Funes Mori.
Único fator ao seu alcance para correção, Ney Franco disse que tem conversado regularmente com os atletas para evitar este tipo de erro. Juan levou um puxão de orelha com o agravante de ser reincidente. "Conversei com o Juan sobre isso. Analisei o material e ele já tinha cometido o mesmo erro contra o Paraguai. A diferença é que ninguém viu."Caça só ao Neymar
Curiosamente, o Brasil é apenas o quarto time que mais recebe falta no torneio, com 104 (média de 14,9). Uruguai com 116 (16,6 por jogo), Chile com 125 (17,9) e Colômbia com 140 (20) têm sofrido mais com a marcação adversária.
Por outro lado, Neymar é disparado o jogador mais caçado em campo, com 36 ao todo (seis por partida). O segundo colocado é Ivan Torres, do Paraguai, com média de 3,8 por jogo (15 no total).