Pioneira, Du Toit chora em despedida: "hora de seguir em frente"
- Danilo Vital
- Direto de Londres
Com a medalha de prata nos 100 m livre S9 e algumas lágrimas escorrendo pelo rosto, Natalie du Toit encerrou nesta sexta-feira sua carreira como atleta profissional. A nadadora sul-africana, pioneira ao se tornar a primeira amputada a conseguir vaga para os Jogos Olímpicos, chorou ao comentar o "adeus" e disse não ter arrependimentos, especialmente pela decisão de parar: "é hora de seguir em frente".
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"Agora eu olho para trás e digo: dei tudo de mim. Não importa quantas emoções você sinta, e sei que dei tudo na piscina, eu dei tudo como pessoa, e eu olho para trás e vejo que estou satisfeita. É hora de seguir em frente", disse Du Toit, chorando após deixar a piscina do Acquatics Centre de Londres. Em sua última competição ela não conseguiu o ouro: foi vencida pela australiana Ellie Cole.
"Estar aqui foi especial, eu acho. Eu me despeço sem nenhum arrependimento", disse a atleta, uma das mais vitoriosas do desporto adaptado. Natalie du Toit soma 15 medalhas paralímpicas, sendo 13 de ouro e duas de prata. Seus feitos foram tamanhos que foi premiada com o Laureus para atletas com deficiência, uma das maiores honrarias do esporte.
Natalie du Toit teve a perna esquerda amputada em 2001, as 17 anos, quando voltava de moto para casa após um treino ¿ ela pratica natação desde os 14 anos. Já em 2002 se destacou nos Jogos da Comunidade Britânica, em Manchester, ao quebrar o recorde dos 100 m e 50 m livre paralímpico. Além disso, se classificou para a final dos 400 m competindo com pessoas sem deficiência, um feito inédito.
Em 2008, já com destaque absoluto no desporto adaptado, ela conseguiu a classificação para a Olimpíada de Pequim na maratona aquática de 10 km. A atleta terminou em 16º entre 25 atletas, fazendo história. "Pequim foi muito especial porque lá acreditaram em mim. Classificar para o Jogos Olímpicos é algo de que vou sempre me lembrar", disse a nadadora, que compete sem prótese de perna.
"Foi duro, mas isso não se trata de ser pioneira. Cada pessoa é diferente, cada um tem seus desafios. Há outros atletas deficientes que não tiveram a oportunidade de mostrar que poderiam competir com pessoas sem deficiência. É disso que a vida se trata: determinar objetivos, sonhos e persegui-los", analisou a atleta. Curiosamente, ela não tem mais nenhum desses elementos.
Aposentada, Du Toit afirmou que vai tirar três meses de férias e que pretende continuar nadando por diversão, para continuar em forma já que "depois de tantos anos você quer mantê-la". "Vou encontrar algo para fazer. Estarei desempregada pelos próximos três meses, mas em janeiro talvez eu comece a trabalhar, estudar ou algo assim", disse.