Romário do goalball fecha Paralimpíada como artilheiro; conheça
- Danilo Vital
- Direto de Londres
"Dizem que Romário é gol, não é? Esse Romário também é". As palavras são de Alexandre Tossim, técnico da Seleção Brasileira de goalball, sobre o principal jogador na campanha que levou o País à inédita medalha de prata. Com o poderio de Romário Diego Marques, o Brasil superou as expectativas para chegar como surpresa na final, sendo derrotado pela Finlândia. O craque fechou o torneio com um prêmio de consolação: a artilharia.
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Em oito jogos Romário balançou as redes 23 vezes neste esporte praticado por deficientes visuais. Marcar é muito mais difícil do que parece: apesar de ter pela frente um gol com 9 metros de comprimento, é preciso ludibriar os três jogadores adversários no momento do arremesso, já que a missão deles é se jogar no chão para bloquear a bola. Em Londres, Romário conseguiu a boa marca de 2,9 gols por partida.
"Isso não passou nem pela minha cabeça", disse o atleta, que passou em branco na derrota por 8 a 1 para a Finlândia, na final - Leomon Silva fez o "gol de honra" da Seleção Brasileira no Copper Box. "Só tenho a agradecer a Deus pela oportunidade da minha vida. Agora tenho que curtir essa medalha de prata, porque ela foi muito suada", continuou.
O Romário do goalball ganhou esse nome porque seu pai era fã do jogador homônimo, já famoso em 1989, ano do nascimento do filho. "Se eu tiver um vai chamar Romário Filho. Vai dar sorte também", disse o atleta de 23 anos, natural que Natal (RN), mas que mora em João Pessoa (PB) com Luzia. "Nós somos junto", explicou. Para resolver a situação, eles pretendem se casar em janeiro.
Romário sobrevive exclusivamente do goalball, e com o dinheiro ganho conseguiu comprar um apartamento. Treina quatro vezes por semana, alternando com sessões de musculação e de exercício aeróbico. "Comecei no judô quando tinha acabado de perder um pouco da visão - eu ainda enxergo um pouco. Aí um colega me chamou para o goalball, eu me apaixonei e estou aí até hoje. Já tenho sete anos de Seleção Brasileira", contou.
O atleta tem algumas recordações do jogador de futebol que homenageia com o nome, a maior parte delas da Copa do Mundo de 1994. "Fazia até gol de cabeça, o baixinho", disse. Ainda não teve a chance de conhecer o deputado federal, mas pelo menos honrou o nome com muitos gols em Londres, sua primeira Paralimpíada. "Vamos acertar detalhes para, se Deus quiser, conseguir o ouro em 2016", disse, já de olho no próximo ciclo paralímpico.