Autoridades explicam esquema de compra de votos do Rio 2016
Em entrevista coletiva concedida nesta terça-feira, autoridades do Ministério Público Federal, Receita Federal, Polícia Federal, além de magistrados franceses, deram mais detalhes sobre o esquema criminoso liderado pelo então governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, para a compra de votos visando a vitória da capital fluminense na disputa para sediar os Jogos Olímpicos de 2016.
Em cooperação jurídica com a França, EUA e Ilhas Virgens Britânicas, o Ministério Público Federal teve acesso a detalhes importantes que acabaram deixando explícito o envolvimento do empresário Arthur César de Menezes, o "Rei Arthur", no pagamento de propina para Papa Massata Diack, filho de Lamine Diack, à época presidente da Federação Internacional de Atletismo (Iaaf) e que tinha o poder do voto à cidade-sede dos Jogos Olímpicos.
Interessado em contratos com o governo do Rio de Janeiro, Arthur César de Menezes, através de uma de suas empresas, a Matlock Capital Group, depositou 2 milhões de dólares para o senegalês Papa Massata Diack. Como os países africanos costumam votar em bloco, contar com o apoio do presidente da Iaaf foi elementar para o Rio de Janeiro vencer a disputa.
Além dos 2 milhões de dólares depositados para duas contas de Papa Massata Diack, uma na Rússia e outra em Senegal, Arthur César de Menezes também repassou 10 milhões de dólares a Sérgio Cabral em uma conta em Antígua e Barbuda.
O responsável por fazer a ponte entre autoridades do Comitê Olímpico Internacional (COI) e Arthur César de Menezes teria sido Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Para a procuradora Fabiana Schneider, o dirigente foi peça-chave no esquema de corrupção liderado por Sérgio Cabral.
"É inegável que Nuzman atuou de forma bastante presente e expressiva no convencimento de pessoas a votarem no Rio de Janeiro. Tanto o Nuzman como outros membros do COB e agentes políticos viajaram para vários países para tratar do assunto e tentar trazer a sede das Olimpíadas para o Rio de Janeiro. Nuzman se mostra como elemento central na ligação entre empresários e representantes do COI. É por conta desses indícios que foram impostas medidas de prisão a Nuzman, que fica impedido de deixar o país até que as investigações sejam finalizadas", afirmou.
Suspeito de possuir nacionalidade russa, Carlos Arhur Nuzman teve seu passaporte retido e não poderá sair do Brasil até segunda ordem. Desta maneira, o presidente do COB não poderá estar presente na reunião do COI marcada para o próximo dia 13, em Lima, no Peru, em que será decidida a ordem a ordem das cidades-sedes das próximas duas edições dos Jogos Olímpicos (Paris e Los Angeles).