Com 19 medalhas, Brasil tem melhor desempenho da história
Com o maior investimento já realizado num ciclo olímpico, atletas quebram os recordes de pódios e de ouros
Com o encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro chegou também ao fim o ciclo da 31º Olimpíada. Anfitrião, o Brasil realizou seu maior investimento esportivo da história e alcançou sua melhor participação olímpica - quantitativa e qualitativamente -, mas ficou abaixo da meta previamente estipulada pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
O COB almejava a conquista de 22 medalhas nos Jogos do Rio de Janeiro e, consequentemente, que a delegação brasileira terminasse no top 10 no número total de pódios - sem levar em conta a cor da medalha. Bateu na trave. O Brasil conquistou 19 medalhas e terminou em 13º no quadro geral de medalhas, que prioriza o número de ouros. Se for levada em consideração a quantidade de pódios (como previa a meta do COB), o país subiria uma colocação, superando a Hungria.
Ao todo, foram sete ouros, seis pratas e seis bronzes: é a melhor participação brasileira em Jogos Olímpicos. Os Jogos mais dourados até aqui haviam sido os de Atenas, em 2004, quando Brasil voltou com cinco ouros. E o maior número de pódios era o de Londres, com 17 medalhas. Ambos foram superados no Rio de Janeiro.
Em seu balanço do desempenho brasileiro, o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, considerou bem-sucedida a participação nos Jogos do Rio de Janeiro. Em vez de focar na meta do top 10, Picciani preferiu enaltecer outro recorde alcançado pelos atletas brasileiros: o número de finais. O Brasil participou de 50 decisões por medalhas em 2016; em Londres foram apenas 36.
"O Ministério está satisfeito com a atuação brasileira, foi a melhor participação do Brasil nos Jogos e houve uma evolução em quase todas as modalidades e nossa meta é superar em 2020 o resultado de 2016, que já superou largamente o de 2012", disse o ministro do Esporte neste domingo (21/08).
Algumas medalhas consideradas prováveis não se confirmaram, como, por exemplo, as do vôlei e do futebol feminino. Além disso, com quatro duplas de alto nível, o vôlei de praia poderia ter dado mais do que duas medalhas ao Brasil. O handebol feminino, campeão mundial em 2015, também ficou longe do pódio.
O judô, com três medalhas, ficou abaixo da meta estipulada pela própria federação brasileira, de cinco conquistas. A natação passou em branco nas piscinas do Parque Aquático Maria Lenk. E jovens talentos, como Ana Sátila, campeã mundial júnior na canoagem em 2014, decepcionaram - ela não passou da fase classificatória no slalom K1.
Isaquias Queiroz, o nome brasileiro dos Jogos
Mas, se houve decepções, também houve surpresas - as chamadas "medalhas inesperadas". São o caso do bronze de Maicon Siqueira, que entrou na competição do taekwondo como 51º do ranking mundial; do ouro de Robson Conceição, boxeador que nunca havia passado do primeiro combate em Jogos Olímpicos; ou até do ouro de Thiago Braz, no salto com vara, que evitou que o atletismo passasse novamente em branco.
Houve também muitas conquistas inéditas, como a primeira medalha feminina na natação, com a paulistana Poliana Okimoto, bronze na maratona aquática, ou o inédito ouro na vela feminina, com Martine Grael e Kahena Kunze na classe 49er FX, ou até com as medalhas de Diego Hypólito e Arthur Nory na ginástica, que deram ao Brasil o primeiro pódio com dois atletas numa mesma prova individual.
O grande nome do Brasil dos Jogos do Rio de Janeiro, definitivamente, foi Isaquias Queiroz. Com duas pratas e um bronze, o canoísta se tornou o primeiro brasileiro com três medalhas numa mesma edição dos Jogos Olímpicos. Detalhe: ele tem apenas 22 anos. A façanha rendeu a ele a honra de carregar a bandeira do país na cerimônia de encerramento da Rio 2016.
Discussão atletas militares x Bolsa Atleta
Das 19 medalhas conquistadas, apenas duas foram em modalidades por equipe - vôlei e futebol masculino - e 14 foram de atletas militares: as exceções são Diego Hypólito, Isaquias Queiroz e Maicon Siqueira. A comparação entre o desempenho de atletas militares e o daqueles com o Bolsa Atleta aflorou uma discussão entre os torcedores brasileiros, que levaram às arenas esportivas o debate político em torno do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
O treinador do ginasta Arthur Zanetti chegou a acusar as Forças Armadas de "pegar atletas prontos" - acusação rejeitada pelo Exército, posteriomente, com a apresentação de inúmeros projetos voltados para a formação de atletas. Mas não se trata de uma discussão fundamentada, já que um atleta financiado pelo Exército pode também receber aporte do Ministério do Esporte e, obviamente, também de um patrocinador.
Maiores investimentos da história
Nos últimos três Jogos Olímpicos, o Brasil - com surpresas e frustrações - demonstrou uma leve evolução. Em todas as edições quebrou o recorde anterior de medalhas conquistadas. E, com os Jogos Olímpicos realizados no Brasil, modalidades esportivas menos populares podem receber mais adeptos e crescer. Para isso, o maior legado tem de ser a continuidade - e a melhora - dos investimentos feitos no esporte.
No recém-encerrado ciclo olímpico, o governo federal investiu cerca de 4 bilhões de reais, sendo cerca de 3 bilhões em estrutura, capacitação de profissionais e logística, e o restante em programas direcionados aos atletas, como o Blsa Pódio e o Bolsa Atleta. Foi o maior investimento da história, superando os 2 bilhões de reais para Pequim 2008. Picciani garantiu que os programas devem ser mantidos e melhorados para Tóquio 2020.