Fora do Maracanã, nem motoristas de ônibus sabiam onde ir
A festa de abertura do Maracanã reservou momentos de tensão na saída do estádio para centenas de jornalistas estrangeiros. Não que houvesse ameaça declarada à segurança deles. A irritação se deu, em grande parte, pela desinformação dos voluntários.
Todos queriam voltar para seus hotéis e muitos que estão hospedados em Copacabana, Ipanema e Leblon sofreram até encontrar o local dos ônibus que os deveriam conduzir até esses bairros. O problema se agravou porque não havia placas ou outras indicações que servissem de orientação.
Por vários minutos, a cena de vaivém de jornalistas pelas ruas ao redor do Maracanã se repetiu, já no início da madrugada deste sábado (6). Uns cruzavam com outros mais de uma vez e se perguntavam: cadê os ônibus que vão levar os jornalistas até a Zona Sul?
Um mesmo voluntário que havia indicado dois ônibus que seguiriam para a região central da Lapa voltou atrás em minutos e avisou que as duas conduções partiriam para Copacabana. Naquele instante, em torno de meia-noite e meia, mais de 80 jornalistas se dividiram e ocuparam os veículos.
Ali começava outro contratempo. Ao deixar a região do Maracanã, os motoristas não sabiam exatamente para onde ir. Não havia entre os estrangeiros nenhum voluntário dentro dos ônibus. E o pedido de informações não resultava em nada, pelo menos no ônibus em que viajou a reportagem do Terra.
Nele, o motorista só se comunicava em português ou por gestos. Quando indagado, na língua pátria, sobre o destino do ônibus, eis a resposta. “Eu não sei para onde estou indo. Só sei que tenho que seguir aquele carro”, disse, apontando para o veículo à frente.
Na prática, isso provocou atrasos e reclamações. Para chegar em Copacabana, com a faixa olímpica nas principais vias de acesso, a viagem deveria ser de no máximo 20 minutos. Mas o tempo gasto levou mais de uma hora. Os dois ônibus pegaram o Túnel Rebouças e foram parar na Lagoa. Havia duas opções bem mais ágeis – seguir pelo Túnel Santa Bárbara ou pelo centro da cidade.
Desavisados, repórteres de outros países se esticavam nas janelas e pareciam checar se o espelho d’água da Lagoa Rodrigo de Freitas poderia ser uma extensão da Praia de Copacabana ou algo parecido. Quando finalmente chegou ao destino, alguns jornalistas não se conformaram e questionaram os motoristas. “Aqui é a Lapa? Chegamos à Lapa? Mas nos avisaram que esse ônibus nos levaria à Lapa.”